Sherida Nayara Alves da Silva[1]
Silvia
Letícia Martins de Abreu[2]
RESUMO
Este artigo
realizou-se sobre a base de uma pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo
geral usar
o ensino a distância como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência
auditiva no âmbito escolar e social. Desta forma este artigo tem como
questionamento principal: Quais as dificuldades existentes que a educação a
distância encontra para incluir educacional e socialmente pessoas com
deficiência auditiva? Entre os
objetivos específicos podemos citar a descrição do ensino a distância no Brasil
e no mundo; mostrar a importância das características da EAD que facilitam à inclusão educacional e social de pessoas
com deficiência auditiva e apresentar a sala de aula virtual como ambiente de
grande importância de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva. Utilizou-se
nesse trabalho a metodologia descritiva e explicativa, de cunho bibliográfico.
Para o maior aproveitamento do conteúdo, várias pesquisas foram realizadas em
sites e livros. Os resultados obtidos favorecem a hipótese de que o Ensino à
Distância pode auxiliar as pessoas com deficiências auditiva na busca pelo seu
desenvolvimento intelectual e, minimizar equívocos que podem significar sofrimento
e perdas para estas pessoas, quanto ao seu ensino-aprendizado.
Palavras-chave: Ensino à Distância. Deficiência
Auditiva. Ensino-aprendizagem. Educação Inclusiva.
ABSTRACT
This
article has as reference a bibliographical research, it has as general
objective to use the virtual learning as a tool for inclusion people with
hearing disability in social and educational space. In this way this article
has as main question: what are the difficulties that virtual education is to
include educational and socially people with hearing disabilities? Specific
objectives include the description of virtual education in Brazil and in the
world; show the importance of the characteristics of the EAD that facilitate
educational and social inclusion of people with hearing disability and present
virtual classroom environment of great importance of teaching-learning for
students with hearing impairments. It was used in this article to descriptive
and explanatory methodology, bibliographical nature. For the greatest use of
the content, number of searches were performed on websites and books. The
results obtained support the hypothesis that virtual learning can help people
with hearing disability in the search for his intellectual development and
minimize misunderstandings that can mean suffering and losses for these people,
in their teaching-learning.
Keywords: Virtual Learning. Hearing Disability. Teaching and Learning. Inclusive
Education.
INTRODUÇÃO
Diante de tantas
mudanças e melhorias que vem acontecendo na educação, depara-se cada vez mais
com a necessidade de ter mais ferramentas educacionais que se incorporam no
mundo acadêmico e uma delas é o ensino à distância.
Com isso, pela
necessidade de unir a prática à teoria, em determinadas ocasiões pode-se
comprometer a qualidade de ensino, visto que muitos ainda têm uma cultura
errônea do que seria o ensino a distância, acreditando que o mesmo não tem
valor, nem seriedade no âmbito da educação.
De
acordo com este enfoque ver-se que se necessita de profissionais das áreas da
tecnologia da educação competentes e capazes de reeducar não só aqueles que não
compreendem a importância deste ensino, mas também serem capazes de integrar no
meio tecnológico os portadores de deficiência auditiva para que os mesmos sejam
capazes de aprender e socializar-se no meio educacional.
Assim, este artigo tem
como questionamento principal: Quais as dificuldades existentes que a educação
a distância encontra para incluir educacional e socialmente pessoas com
deficiência auditiva? Desta forma o objetivo principal deste artigo
é usar o ensino a distância como ferramenta de inclusão de pessoas com
deficiência auditiva no âmbito escolar e social. Entre os objetivos específicos
podemos citar a descrição do ensino a distância no Brasil e no mundo; mostrar a
importância das características da EAD
que facilitam à inclusão educacional e social de pessoas com deficiência
auditiva e apresentar a sala de aula virtual como
ambiente de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva.
Vale ressaltar a relevância na
qual se focaliza o objeto de estudo deste artigo, pois esta mostra que se
necessita trabalhar de forma consciente a inclusão das pessoas com deficiência
auditiva no âmbito da educação através da EAD, que hoje já está tão inserida no
contexto educacional em todo mundo.
A metodologia utilizada ao longo do trabalho tem como foco
principal a pesquisa bibliográfica que utilizou como base autores renomados que
abordam tais assuntos, tais como: Brandão (2007); Paulo Freire (2006); Nunes
(2009); Alves (2009), Mazzota (2005), entre outros.
Portanto,
este artigo buscará explanar como a Educação à Distância é importante para o
desenvolvimento intelectual das pessoas com deficiências auditivas e defenderá
a hipótese de que a inclusão social e educacional deste aluno poderá auxiliá-lo
em seu desenvolvimento intelectual dentro da realidade em que está inserido e,
com isso, diminuir equívocos e aumentar oportunidades para aqueles que apesar
da limitação física, não devem ser limitados intelectualmente pela sociedade e
pela educação que ela deve lhe proporcionar.
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Pode-se
notar que uma das principais inovações das últimas décadas na área da educação
se refere à criação e implantação de uma nova geração de sistemas de EAD, que
assim abriu um grande leque de oportunidades educacionais para população em
geral, não só em termos de quantidade, mas também em qualidade, flexibilidade,
liberdade e crítica (JUSTE, 1998)
Segundo Nunes
(2009), é importante ressaltar que para acontecer essa qualidade no ensino é
necessário utilizar um arsenal específico, tais como: meios de comunicação,
técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, processos de tutoria, entre
outros, sem esquecer-se de seguir a certos princípios básicos de qualidade.
Nunes
(2009) afirma que existem grandes recursos que o computador oferece, como: vídeo
conferência, entre outros aplicativos que podem assegurar a indispensável
interatividade, que é um dos conceitos mais importantes dos novos processos de
educação à distância.
De
acordo com Nunes (2009, p. 2):
Nas próximas décadas certamente
assistiremos a um fenômeno que já está em curso há pelo menos 20 anos: a
integração entre educação presencial e educação a distância. A convergência
entre esses dois modelos já existe, na prática, em vários lugares, mas é
provável que passe a se constituir norma e prática corriqueira de todos os
sistemas. (NUNES, 2009, p. 2)
A
afirmação acima foi escrita há sete anos e suas afirmações podem ser
confirmadas nos dias atuais, na qual nos deparamos com uma educação à distância
realmente corriqueira entre vários pólos de estudo, ela se tornou um fenômeno
mundial. Hoje temos uma gama de cursos a distância; sejam eles técnicos, de
extensão ou de nível superior. Com essa expansão surgiram outras preocupações:
a inclusão de estudantes com diferentes necessidades especiais. Ao longo desse
trabalho dissertar-se-á sobre esse assunto; porém antes de entrarmos em tal
assunto, para que possamos entender a educação à distância com mais
propriedade, mesmo que em poucas palavras, observem a seguir as definições
sobre educação e o desenvolvimento da EAD tanto no Brasil como em todo mundo.
2.1
Definição de Educação
Entre
os muitos autores e definições sobre educação pode-se citar algumas em
especial, e lembrar que, quando se aborda tal tema nos deparamos tanto com sua
complexidade como com suas muitas faces polêmicas.
Desta forma, usando como base
inicial o Minidicionário Sacconi (2009), educação nada mais é do que “conjunto
de princípios elevados e de regras metódicas para ilustrar a razão, aperfeiçoar
os sentimentos e suavizar os usos e costumes”. (SACONNI, 2009, p. 455)
A
definição acima só confirma a visão de Brandão (2007), quando em seu livro “O
que é educação?” afirma que, nenhum de nós, seres humanos, podemos escapar da
educação, pois nossas vidas, em várias áreas, como: escolas, igreja, na rua ou
em casa, acabam se envolvendo com pedaços dela; seja para aprender através do
convívio ou ensinar.
Todos os dias nossas vidas se misturam,
confirmando assim que ela é sim, um conjunto de princípios elevados que vem
para aperfeiçoar e suavizar nossos costumes e usos. Nossa convivência dia a dia
mostra que, segundo Brandão (2007), a educação pode ser chamada de “educações”,
pois misturamos a nossa com as daqueles que vivem em nosso entorno.
Entre algumas visões de Brandão
(2007) a educação, no sentido geral é criada e recriada por diferentes grupos
sociais, influenciadas por suas culturas, culturas essas que acabam por trazer
a polêmica para a verdadeira definição da palavra educação, visto que aquilo
que é praticado e reproduzido por determinado grupo social pode não ser visto
como educacional em outro grupo.
A educação é, como outras, uma fração do
modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras
invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e
praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o
saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as
regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da
tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do
grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza
e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria
educação habita, e desde onde ajuda a explicar — às vezes a ocultar, às vezes a
inculcar — de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem. (BRANDÃO,
2009, P.4)
Já Paulo
Freire (2006) afirma que, nenhum
ser humano é capaz de ler uma palavra sem antes aprender a ler o mundo em que
vive. Assim, para ele a educação inicia antes do indivíduo ser inserido na
escola, para ele as pessoas são capazes de interagir através da educação
popular, participando, dialogando, construindo o próprio ensino, e isso
acontece com frequência na escola. Para Freire (2006):
é preciso que a educação esteja - em seu
conteúdo, em seus programas e em seus métodos - adaptada ao fim que se
persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa,
transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de
reciprocidade, fazer a cultura e a historia [...] uma educação que liberte, que
não adapte, domestique ou subjugue. (2006, p. 45)
Segundo o autor, a educação se apresenta como
algo capaz de transformar o mundo, tornando o homem um sujeito privilegiado,
pois é a educação que fará com que o indivíduo saiba se relacionar com outros, e
esta influenciará sua cultura e principalmente sua história, sendo ela responsável
por sua libertação, pois através da educação as pessoas terão maior
possibilidade de discutir, debater e dialogar sobre assuntos diversos, e,
principalmente sobre a realidade a sua volta, desta forma serão responsáveis por
suas próprias transformações intelectuais.
2.2 O EAD no mundo
O marco inicial da
educação a distância, segundo Nunes (2009), foi caracterizado através das aulas
por correspondência, anunciada por Caleb Philips, em 20 de março de 1728, ou
seja, datado no século XVIII, na Gazette de Boston, EUA. Ele enviava as
lições pelo correio para os alunos inscritos no curso.
Após
esse momento, somente no próximo século, o século XIX, tivemos uma sequência de
profissionais e instituições, em diversos lugares do mundo que também tiveram a
ideia de propagar um ensino diferenciado, fora de quatro paredes, e sem a
presença corporal entre aluno e professor, o ensino a distância; como cita Nunes
(2009):
“...Depois,
em 1840, na Grã-Bretanha, Isaac Pitman ofereceu um curso de taquigrafia por
correspondência. Em 1880, o Skerry’s
College ofereceu cursos preparatórios para concursos públicos. Em 1884, o Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service
ministrou cursos de contabilidade. Novamente nos Estados Unidos, em 1891, apareceu
a oferta de curso sobre segurança de minas, organizado por Thomas J. Foster. Em
meados do século passado, as universidades de Oxford e Cambridge, na Grã-Bretanha, ofereceram cursos de extensão.
Depois, vieram a Universidade de Chicago e de Wisconsin, nos EUA. (NUNES, 2009, p. 2)
Pode-se
perceber que no início os cursos à distância eram oferecidos por professores
particulares, e só depois as escolas e universidades começaram a perceber que
esta seria uma oportunidade para oferecer uma educação diferenciada e uma
oportunidade excelente tanto para aluno quanto para as instituições de ensino.
No século XIX, a “febre” do ensino
por correspondência se propagava, assim o ensino a distância começava a se
firmar por todo mundo, como relata Nunes (2009):
Em
1924, Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã por Correspondência de Negócios (Bytwert
e Diehl, 1989). Em 1910, a Universidade de Queensland, na Austrália, inicia programas
de ensino por correspondência. E, em 1928, a BBC começa a promover cursos para
a educação de adultos usando o rádio. Essa tecnologia de comunicação foi usada
em vários países com os mesmos propósitos, até mesmo, desde a década de 1930,
no Brasil. (NUNES, 2009, p. 3)
Nunes
(2009) disserta que, entre o início do século XX até a Segunda Guerra Mundial,
puderam-se presenciar diversas experiências feitas para se aprimorar as
metodologias aplicadas ao ensino por correspondência. Após esse momento, também
cita Nunes (2009) que houve as influências de novos meios de comunicação de
massa, como o rádio e a televisão, entre outros. Fred Keller (1983), por
exemplo, se destacou neste período de guerra ensinando aos recrutas
norteamericanos à recepção do Código Morse, pois existia uma necessidade grande
de uma capacitação rápida e prática aos recrutas.
A grande expansão do ensino a
distância, na realidade aconteceu no início dos anos 60, na qual a EAD se
institucionalizou nos campos da educação secundária e superior; deu início na
Europa (França e Inglaterra) e se expandiu aos demais continentes (Perry e Rumble,
1987 apud Nunes (2009)).
Segundo
Nunes (2009), nos dias atuais a educação à distância já é realidade em mais de
80 países, nos cinco continentes, em todos os níveis, tanto nos sistemas
formais como nos sistemas não formais de ensino, na qual atende a milhões de
estudantes.
Algumas
das principais formas de uso da educação à distância têm sido em treinamentos e
aperfeiçoamento de professores em serviço, em todo mundo, porém pode-se
destacar os países como: México, Tanzânia, Nigéria, Angola e Moçambique. Assim
como, programas não formais de ensino têm sido ofertados em grande número para
adultos em várias áreas, tais como: de saúde, agricultura e previdência social,
seja por instituições privadas ou públicas. (NUNES, 2009)
Em
todos os continentes, segundo Nunes (2009),
existiram várias situações e acontecimentos que tiveram grande influência no
desenvolvimento da Educação à Distância, porém apesar de sua importância não
foi possível citarmos todos neste artigo. Observe o que Nunes (2009) disserta a
seguir:
Há
uma série de outras situações que não citamos, em todos os continentes, cada
qual com sua história própria, com experiências que acrescentam benefícios ao
desenvolvimento mundial da educação a distância, quer por meio de novas
experimentações tecnológicas, quer como resultado de novas formas de fazer
educação a distância. Mas, apesar de estarem ausentes vários exemplos
importantes, com esse panorama geral, o leitor pode observar que a educação a
distância tem uma longa e diversificada trajetória, está em todos os cantos da
Terra e se desenvolve cada dia mais. (NUNES, 2009, p. 7)
Nos
dias atuais, podemos presenciar situações novas quanto ao ensino à distância,
pois com a grande rapidez com que a tecnologia tem se renovado a cada dia, é
possível perceber o salto que a educação a distância deu e de como ela assumiu
a responsabilidade pela produção e supervisão do processo de ensino–aprendizagem.
Antes a educação era bem mais limitada, como afirma Nunes (2009), “naquele
tempo ainda muito calcado na ideia de que o professor ensina e o aluno aprende”
(Nunes, 2009, p. 7).
As novas tecnologias
comunicativas, a telemática (informática com telecomunicação), tem sido uma
realidade em todo mundo, e em especial no Brasil. Elas têm proporcionado um
aprendizado mais interativo, dando a oportunidade dos alunos determinarem seu
ritmo de estudo. A oferta de Bibliotecas, laboratórios de pesquisas e
equipamentos sofisticados já é uma realidade hoje e podem ser acessados a
qualquer hora, por qualquer usuário que disponha de um computador ou um smartphone conectado a uma central
distribuidora de serviços.
2.3 Educação a distância no Brasil
Segundo Alves (2009), no
Brasil a EAD é marcada por uma trajetória de sucessos, apesar de que algumas
vezes, por falta de políticas públicas ficou um tempo sem progressão. Há
registros históricos que indicam que o Brasil fica entre os principais do
mundo, na questão do desenvolvimento da EAD.
A Educação à distância no
Brasil surgiu, segundo pesquisas realizadas em diversas fontes, que foi um
pouco antes de 1900, em jornais que circulavam no Rio de Janeiro, nos quais
ofereciam cursos profissionalizantes por correspondência. Cursos estes
ministrados por professoras particulares de datilografia, afirma Alves (2009).
O EAD neste período acontecia
por correspondência, com remessa de materiais didáticos enviados pelo correio
que usavam as ferrovias para fazer o transporte. E durante os vinte primeiros
anos no Brasil houve apenas uma modalidade. (ALVES, 2009)
De acordo com Alves (2009),
alguns pontos foram marcantes, porém cita-se neste artigo três em especial para
a evolução do EAD no Brasil: a revolução via rádio, a TV educativa e os
computadores junto com a internet.
Alves (2009) cita sobre
a revolução via rádio que:
Em 1923, era fundada a Rádio sociedade
do Rio de Janeiro. Tratava-se de uma iniciativa privada [...] a principal
função da emissora era possibilitar a educação popular, por meio de um então
moderno sistema de difusão em curso no Brasil e no mundo. Os programas
educativos, a partir dessa época, se multiplicavam e repercutiam em outras
regiões, não só do Brasil, como em diversos países do continente
americano. (ALVES, 2009, p. 9)
A partir deste momento muitas cidades do Brasil
adotaram o radio como um meio de educação à distância, sendo precedida apenas
pela correspondência. Em 1937, vários programas foram implantados, em especial
os privados, a partir da criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do
Ministério da Educação.
Em 1959, A Igreja Católica, através da diocese de Natal, no
Rio Grande do Norte, criou algumas escolas radiofônicas; estas deu início ao
Movimento de Educação de Base. No sul do país surge a Fundação Padre Landelll
de Moura e no Rio Grande do Sul alguns cursos são realizados via rádio. (ALVES, 2009)
Em relação a TV educativa Alves (2009) relata
que nas décadas de 1960 e 1970, a televisão foi utilizada de maneira positiva
para fins educacional em sua fase inicial: “Coube ao Código Brasileiro de
Telecomunicações, publicado em 1967, a determinação de que deveria haver
transmissão de programas educativos pelas emissoras de radiodifusão, bem como
pelas televisões educativas”. (ALVES, 2009, p. 10)
Em 1969, dois anos mais tarde, surgiu o Sistema Avançado de
Tecnologias Educacionais, este sistema permitia o uso de diferentes meios como
ferramenta de ensino à distância, tais como, rádio, televisão, entre outros.
Com isso, rapidamente o Ministério das Comunicações baixou uma portaria que
definia o tempo obrigatório e gratuito que as emissoras tinham que ceder para a
difusão educacional através de programas específicos de educação.
Em 1972, nasceu o Programa
Nacional de Teleducação (Prontel), em seguida é criado o Centro Brasileiro de
TV Educativa (Funtevê), integrado ao Departamento de Aplicações Tecnológicas do
Ministério da Educação e Cultura. Vale ressaltar que na década de 1990 houve um
grande retrocesso na educação à distância, pois as emissoras ficaram
desobrigadas de ofertar horários diários para transmissão dos programas de
cunho educacional.
Segundo Alves (2009): “Em 1994, o Sistema
Nacional de Radiodifusão Educativa foi completamente reformulado, cabendo, a
partir de então, à Fundação Roquete Pinto a coordenação das ações”. (ALVES,
2009, p. 10). Pode-se perceber que há dose anos atrás houve a reformulação do
Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa e com isso foi a Fundação Roquete
Pinto que ficou responsável por coordenar as ações desse sistema.
Com o passar dos anos não aconteceram avanços
do uso dos canais abertos para transmissão de programas educativos, e quando
passavam, os programas aconteciam em horários inapropriados para os prováveis
alunos-usuários. Destaca-se neste momento a iniciativa positiva da Fundação
Roberto Marinho, principal responsável pela criação dos telecursos que
atenderam uma numerosa quantidade de pessoas, proporcionando a estes
certificados emitidos pelo poder público. (ALVES, 2009)
De acordo com Alves (2009),
foram através das universidades que o computador chegou ao Brasil no campo de
educação. Elas instalaram em 1970 as primeiras máquinas, que eram muito caras e
ocupava muito espaço. Ao longo dos anos foi sendo compactadas e ficando mais baratas
bem mais acessíveis à população em geral.
Alves (2009) cita sobre quando
a internet começou a se propagar no que diz respeito ao Ensino à Distância,
apontando como marco inicial a disponibilização da internet no computador
pessoal:
...já disponível nos computadores
pessoais, a internet ajudou a consolidar a propagação do ensino a distância
para todo sistema educativo brasileiro (e mundial). É absolutamente
desnecessário discorrer sobre os avanços observados nesse campo, e é certo que
rapidamente teremos a inclusão digital de praticamente todo país. (ALVES, 2009,
p. 10).
Esta última etapa do processo de
inclusão da educação à distância, em todo mundo, foi marcada pelo surgimento da
internet, principalmente quando os computadores se tornaram acessíveis para
todas as pessoas. Desta forma, a Educação a Distância, é classificada nos dias
atuais, pela tecnologia integrada, na qual os alunos utilizam os mais diversos
recursos de comunicação por meio de computadores e aparelhos celulares conectados
à Internet, e com isso, o número de adeptos a EAD tem crescido cada dia mais,
pois hoje em dia, existem, no Brasil, mais de um milhão de alunos que optaram
pelo ensino a distância para concluir uma faculdade e ter em mãos o tão sonhado
diploma de nível superior.
3. A INCLUSÃO NO ENSINO
SUPERIOR ATRAVÉS DA TECNOLOGIA: EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) E NECESSIDADES
ESPECIAIS
A inclusão é uma temática na qual implica sobre a ótica de
diversas abordagens, visto que é um “objeto” ou objetivo de pesquisa de ampla
necessidade, como nas áreas de interesse educacional, nas quais vem instigando
cada vez mais a quebra de barreiras arquitetônicas, sociais e legais. Tendo em
vista a possibilidade de tornar uma sociedade mais consciente e de certa forma
justa, dentro de uma perspectiva humanizada.
Considerando que, de modo geral, as
coisas e situações desconhecidas causam temor, a falta de conhecimento sobre as
deficiências em muito contribui para que as pessoas portadoras de deficiência,
por serem diferentes, fossem marginalizadas, ignoradas. (MAZZOTA, 2005, p. 16)
Sobre esta percepção, é
imprescindível não falar de inclusão ou tratá-la como uma mera utopia, tendo em
vista que os sujeitos que são visto meramente como diferentes, são sujeitos que
batem a porta de uma universidade, exigindo de forma direta e indireta que
estas instituições façam cumprir suas funções políticas e sociais, apoiadas na
legitimidade de uma educação para todos, discursadas na Constituição Federal de
1988 e na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (Lei nº 9.394/96),
assim garantindo o ingresso e a permanência a todos os alunos, sem distinção.
O
contexto social e educacional na atualidade pontua de forma clara e objetiva a
educação para uma cidadania global. Neste viés Brasil 1999, discursa que:
Notadamente, a partir do inicio deste
século, graças ao desenvolvimento científico e ético da humanidade, estudos vêm
mostrando que as diferenças individuais, que sob o ponto de vista do
desenvolvimento cognitivo, que sob o ponto de vista físico ou sensorial, não
constituem uma fatalidade irremovível, nem desabilitam as pessoas para a
plenitude própria e padrões específicos de desempenho, é dotado de um potencial
que, convenientemente orientado, pode permitir, que sempre aconteça, a sua autorrealização.
(BRASIL, 1999. p. 13)
Assim quando as
faculdades ou universidades considerarem e reconhecerem o quanto são diferentes
seus alunos, será compreendido o valor real do respeito às diferenças,
fazendo-se refletir sobre a introdução destes sujeitos, sobre a ótica de que
eles não são caminhos complicados e problemáticos, mas são sujeitos que
favorecem as abordagens inclusivas, além de serem exemplos de fatores enriquecedores
e não negativos.
Sendo
desta forma Mantoan (2005), discorre que:
Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o
outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas
diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. E
para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento
mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é
discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar
no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já
inclusão é estar com, é interagir com o outro. (MANTOAN 2005, p, 01)
Dessa forma, no enfoque desta
reflexão encontra-se a modalidade de ensino a distância (EAD) na qual pode
apoiar-se ou não sobre as novas tecnologias para direcionar o seu objetivo, que
é globalizar, dinamizar e promover a inclusão, em um sentido amplo no que diz
respeito à educação. Assim, segundo Assis (2012) “o surgimento de uma nova
geração de sistemas de EAD abre espaço para a consolidação da metodologia,
levando em consideração a melhoria na qualidade de ensino”, beneficiando uma
parcela da população, na qual estão inclusas as pessoas com deficiência.
Na EAD o tempo e o espaço são relativos, assim como a
igualdade de acessibilidade e de conteúdos. A personalização do ensino faz com
que a EAD seja sinônimo de inclusão, visto que o ensino pode ser adaptado de
acordo com as necessidades de cada aluno, seja pelas necessidades físicas ou
cognitivas, nas quais se apoiam, segundo Assis (2012), sobre a interação entre
os participantes do processo educativo, na aprendizagem colaborativa e no
estudo autônomo.
3.1. Definindo os alunos
portadores de deficiências auditivas
Existe uma grande
restrição na questão de como se portar e como se relacionar com pessoas com
deficiências, para não ser considerado desagradável ou preconceituoso, e neste
viés, compreender e saber utilizar os termos corretos é necessário para assim
conseguir estar mais próximo do aluno. Para assim ser feito, os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem devem ser capacitados para atender estes sujeitos,
e o primeiro passo é buscar a sensibilidade através do conhecimento sobre os
“tipos” de deficiências.
No que se refere a casos de
alunos com problemas auditivos o termo correto é deficiente auditivo e de
acordo com a incapacidade de ouvir é possível afirmar que este sujeito tem uma
deficiência auditiva, e Segundo Brasil 1997:
Denomina-se deficiência auditiva a
diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo
o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo,
aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese
auditiva. (BRASIL, 1997, p. 31)
A diferença ou a
especificidade entre estes sujeitos está no grau de intensidade de sua deficiência,
ou seja, de acordo com Marqueti 2013, existem alguns tipos de deficiências
auditivas, e dentre elas é importante destacar a deficiência de transmissão ou
condutiva que implica na perda parcial da audição e a neurossensorial, implica
na perda do volume sonoro distorcendo os sons, este considera-se irreversível.
O sujeito/aluno com surdez de
transmissão ou condução tem a audição comprometida devido à má condução
orgânica das ondas sonoras, nas quais são causadas por diversos fatores. A
surdez neurossensorial é considerada a forma de surdez mais comum, e pode estar
ligada a herança genética, a doenças no geral e a situações que afetam audição
no decorrer da vida, como barulho.
As causas da surdez de transmissão ou condução: - Excesso
de cera no ouvido; - Catarro no ouvido (Otite
Secretora ou Otite Serosa); - Infecções agudas do ouvido. (Otite Média Aguda); -
Perfuração Timpânica; - Infecções Crônicas do Ouvido (Otite média Crônica) e
suas consequências (sequelas); - Doenças que provoquem a imobilização de um ou
mais ossinhos do ouvido. (Otosclerose); - Tumores do ouvido externo e médio. As
causas da surdez neurossensorial: - Exposição à
ruído de alta intensidade ou sons altos; - Presbiacusia (surdez pela idade); - Viroses
(rubéola, caxumba); - uso de certos medicamentos ou drogas; - meningite; - propensão
familiar (hereditárias); - traumas na cabeça; - doenças cárdiocirculatórias; - defeitos
congênitos; - alergias; - problemas metabólicos (diabete por exemplo); - tumores.
Fonte: <https://goo.gl/Vn4IIu>
A falta da audição ou a perda dela afeta
diretamente no processo comunicativo da linguagem oral, visto que está
linguagem é percebida pelo canal auditivo, apresentado com alterações nestes
sujeitos/alunos com surdez. Quando é apresentada a existência de uma
deficiência auditiva, independente do seu grau, é perceptível a interferência
no desenvolvimento da linguagem.
Os
sujeitos que tem ou adquiriram a deficiência auditiva, na maioria dos casos não
conseguem se socializar e se adaptar ao meio em que convive, devido a sua
dificuldade de se fazer entender, e é através desta percepção/sensibilidade os
educadores devem apoiar-se para auxiliar no desenvolvimento deste educando.
Neste caso, torna-se imprescindível a estimulação, ou seja, deve existir uma
percepção e um trabalho diferenciado entre os sujeitos que nasceram com a
deficiência e os que adquiriram no decorrer da vida.
As pessoas ouvintes podem ter
dificuldades em entender a complexidade dos distúrbios de processamento
auditivo central porque as experiências auditivas são diferentes. O educador
precisa compreender a diferença entre ouvir e interpretar o que se ouve. (CORMEDI
apud MACHADO, 2003, p.19)
De acordo com esta
percepção, o professor e os envolvidos no processo educativo devem compreender
e fazer-se compreender através das ferramentas de ensino-aprendizagem, visto
que estes sujeitos/alunos segundo Marqueti 2013 “possui dois sistemas que
produz e reconhece a linguagem [...]o sensorial onde é usada a visão, a audição
e a linguagem e o motor que usa a visão, as mãos e os braços”. Assim é possível
compreender que o desenvolvimento cognitivo destes sujeitos não depende
diretamente e nem exclusivamente da linguagem falada.
Nesta ótica Cormedi apud Sacks
(1998) afirma que:
os
surdos são capazes de falar porque possuem aparelho fonador idêntico a pessoa ouvinte,
mas o que falta ao Surdo é a capacidade de ouvir a própria fala e, portanto, de
monitorar com o ouvido o som da sua própria voz. Por isso, os surdos congênitos
não dispõem de imagem auditiva, de como é realmente o som da fala, não tendo a
noção da correspondência entre som e significado. O mundo do surdo congênito é
eminentemente visual. A língua de sinais é a resposta dos surdos para a
problemática de comunicação, é o instrumento cultural alternativo – uma língua
que foi criada por eles e para eles, porque a língua de sinais é uma sequência
de movimentos no espaço. (CORMEDI apud
Sacks, 1998, p. 50)
Percebe-se enfim
que, de acordo com os autores citados acima, sobre as definições das pessoas
com deficiência auditiva, chega-se a seguinte conclusão, que a tarefa de
ensinar tais pessoas requer grandes responsabilidades, uma delas é a de ter um
conhecimento aprofundado sobre cada caso de surdez, pois o processo de ensino e
aprendizagem destes possíveis alunos acontece de forma diferente, dependendo de
como foi gerado a surdez dos mesmos; além de se fazer necessário ter uma
formação específica para lecionar com pessoas com deficiência auditiva, visto
que cada caso tem sua especificidade.
3.2 Características da EAD que
facilitam à inclusão educacional e social de alunos portadores de deficiência
auditiva
Para uma compreensão clara e
objetiva a respeito dos alunos portadores de deficiência auditiva e das
“ferramentas” de ensino que devem ser utilizadas para estes sujeitos, é
necessário uma caminhada subjetiva, ou seja, o sujeito-aluno que necessita de
atendimentos especiais em um ambiente educacional está entregue a uma
compreensão técnica, agregada de sensibilidade dos sujeitos envolvidos com o
processo educativo, porém, esta sensibilidade não deve ser meramente humana.
Nesta ótica, é imprescindível que os profissionais ligados ao processo
educativo estejam interagindo com as necessidades globais, ou melhor, com a
“globalização”, para assim ser um suporte na evolução, no que diz respeito às
perspectivas educacionais.
Neste contexto o uso das novas
tecnologias é cada vez mais presente e aplicável no processo de
ensino-aprendizagem, desta forma, quebrando barreiras do tempo e do espaço.
Surgindo assim conforme Assis (2012) a “sociedade em rede”, fazendo-se
despertar novos caminhos na afirmação da aprendizagem para todos, e
concomitantemente a promoção ou a abertura da criação de novos modelos educacionais,
nas quais permitam a integração de todos os sujeitos que necessitam ou desejam
um aprendizado aplicado além da sala de aula tradicional, dentre estes sujeitos
destaca-se aqui os deficientes auditivos.
A modalidade de ensino mais
conhecida como educação a distância (EAD) vem ganhando cada vez mais espaço no
cenário educacional, e conforme Assis (2012) a universidade a distância é uma
renovação na educação superior, na perspectiva de suprir o crescimento
constante das universidades e da população, visto a constante procura pelo
ensino.
Assim a Lei 9394/96 discursa
no Artigo 80, da Lei 9394/96, os aspectos legais sobre a oferta de cursos na
modalidade à distância:
Art. 80º. O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º. A educação à distância, organizada com
abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente
credenciadas pela União. § 2º. A União regulamentará os requisitos para a
realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação à
distância. § 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação à distância e a autorização para sua implementação, caberão aos
respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os
diferentes sistemas. § 4º. A educação a distância gozará de tratamento
diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais
comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais
com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem
ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (LDB,
1996)
Por ventura o artigo de lei supracitado
não é o único que discursa sobre a oferta de cursos na modalidade de ensino a
distância, na perspectiva de uma abordagem inclusiva. Nesta ótica é
imprescindível citar o Artigo 59 do Capítulo V da Lei Federal 9394/96, na qual
discursa sobre as regras da Educação Especial, nas quais também devem ser
direcionadas ao ensino EAD.
Art.
59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica
para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV -
educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade
de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior
nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos
benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
ensino regular. (BRASIL, 2016)
Dentre
as necessidades de tornar legítimas as ofertas dos cursos EAD, ainda existe uma
abordagem qualitativa na qual é direcionada pela International Organisation for
Standardisation (ISO),
assim também pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), nas quais
discursam especificamente sobre a modalidade EAD, assim também como outras
normas que também podem ser aplicáveis.
Fica evidente a afirmação sobre a legitimidade, qualidade e
oferta do ensino aos alunos com necessidades especiais. Assim os deficientes
auditivos, motivados pela busca de alternativas acessíveis e seguras, são
livres em suas escolhas, nas quais são aflorados e direcionados sobre o seu
estilo de aprendizagem. Diante deste contexto as faculdades e universidades
devem ligar-se fortemente a esta necessidade social, visto a diversidade destes
sujeitos, e por ventura o EAD atua integralmente como agente de transformação
dentro deste cenário.
A
característica inclusiva do EAD é despertada integralmente sobre a visão da
diversidade explanada pela sociedade, e direcionando o olhar aos deficientes
auditivos, é imprescindível a afirmação pelo estilo de aprendizagem destes
alunos. Sobre esta ótica, a modalidade EAD deve buscar suprir os objetivos da
educação inclusiva, refletindo sobre a práxis e adaptando-se as necessidades
dos alunos, assim tornando democrático o acesso ao conhecimento.
Conforme Quevedo et al 2014:
Pensar a Educação a Distância (EAD) para
essa população de pessoas com surdez profunda e/ou severa implica desbravar os
caminhos da língua e da linguagem, da história do povo surdo contextualizada ao
longo do tempo e a forma ou métodos educacionais que capacitam os surdos a
adquirir conhecimento, em um momento no qual se colocam novos padrões de
alteridade e em que conceitos de acessibilidade e inclusão cada vez mais são
reivindicados e colocados à prova. (QUEVEDO et
al, 2014. p. 284)
No
entanto o grande desafio do EAD no processo de ensino-aprendizagem dos
deficientes auditivos seria o conhecimento claro dos sujeitos, visto que no
contexto “classificatório” do nível de surdez e de conhecimento, segundo Quevedo
et al 2014 encontra-se o
“pré-linguístico, que é o sujeito no qual ficou surdo antes de ter contato com
a língua oral; e o que ficou surdo depois, denominado, “pós-linguístico”. Essa
denominação torna-se compreensível visto que no Ambiente Virtual de
Aprendizagem todas as ferramentas (fóruns, chats, tutoria, agendas e outros)
são constituídas de uma linguagem.
Neste sentido é importante
destacar algumas orientações segundo Marqueti (2013):
“flexibilizações e adaptações curriculares
que considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos básicos,
metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados, bem como processo de
avaliação contextualizada que envolve todas as variáveis intrínsecas ao
processo ensino e aprendizagem; avaliação pedagógica processual para a
identificação das necessidades educacionais especiais e indicação de apoios
pedagógicos adequados; temporalidade flexível do ano letivo, de forma que o
aluno possa concluir em tempo maior o currículo previsto para a série ou etapa
escolar na qual está inserido, quando necessário; uma rede de apoio
inter-institucional que envolva profissionais das áreas de saúde, assistência
social e de trabalho, por meio de convênios com organizações públicas ou
privadas, para garantir o sucesso na aprendizagem. (MARQUETI, 2013, p. 31 apud BEREOHFF; SEYFARTH; FREIRE, 1995,
p. 211 apud ROSA; VITORINO; CHINALIA,
2005, p. 33)
As orientações
supracitadas devem servir como norte sobre as propostas inclusivas, porém, na
pessoa ou no aluno com deficiência auditiva segundo Marqueti (2013) deve ser
observado que o “processo de apreensão do conhecimento se dá através de
experiências concretas e visuais, pois ele aprende o mundo pela visão, sendo
assim é fundamental ao professor utilizar recursos visuais como, por exemplo,
fotos, quadros, desenhos, figuras, mapas, etc” e seu direcionamento devem ser
sobre a estimulação do pensamento e da racionalização, visto que desta forma,
estes sujeitos serão incluídos no contexto igualitário do ensino, e assim
aumentando mais a sua oportunidade de aprender.
Assim os estudiosos e
aplicadores do sistema ou modalidade de ensino EAD, precisam apropriar-se da
concepção de que o deficiente auditivo pode adquirir outras habilidades para a
construção de seu conhecimento, e dentre estas habilidades existe a comunicação
espaço-visual, ou melhor, a aquisição do conhecimento sobre o meio visual, e
segundo Quevedo et al 2014 apud Reitsma (2008) “para contrapor o
déficit com escrita e leitura propõe a prevalência de imagens na aprendizagem
do surdo”. Concluindo-se assim a visão de que o surdo não é restrito da
capacidade de compreender e de aprender, assim como a modalidade EAD deve ser o
facilitador da construção deste conhecimento, utilizando-se assim todas as
possibilidades que lhe cabe, nesta abordagem social e necessariamente
construída.
3.3 A Sala de aula virtual
como ambiente de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva
Na atualidade fala-se
bastante na nova cultura educacional, na qual é conhecida com a “Era do
Conhecimento”, direcionadas pela visão massificada do conhecimento sobre as
novas tecnologias. Sobre esta ótica torna-se possível compreender que existe
uma nova leitura sobre o conceito de aprendizagem, na qual compreende e
estimula um ambiente dinâmico e corrente, assim ilustrado pelo EAD na sala de
aula virtual.
Os
estilos e modelos de aprendizagem apoiam-se na ideia central de um modelo
dinâmico protagonizado pela leitura de um “instrumento” que estimule a
autonomia do aluno, fazendo-se compreender pela flexibilidade, criatividade,
inclusão e planejamento do aluno, tornando assim uma aprendizagem
significativa.
Neste viés considera-se sete
passos para a construção do conhecimento segundo Santos (2008):
1. O sentir – toda aprendizagem parte de um significado
contextual e emocional. 2. O perceber – após contextualizar o educando precisa
ser levado a perceber características específicas do que está sendo estudado.
3. O compreender – é quando se dá a construção do conceito, o que garante a
possibilidade de utilização do conhecimento em diversos conceitos. 4. O definir
– significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas palavras, de
forma que o conceito lhe seja claro. 5 – O argumentar – após definir, o aluno
precisa relacionar logicamente vários conceitos e isso ocorre através do texto
falado, escrito, verbal e não verbal. 6. O discutir – nesse passo, o aluno deve
formular uma cadeia de raciocínio através da argumentação. 7. O transformar – o
sétimo e último passo da (re) construção do conhecimento é a transformação. O
fim último da aprendizagem significativa é a intervenção da realidade. Sem esse
propósito, qualquer aprendizagem é inócua. (SANTOS, 2008, p.2)
No
entanto todos os passos discursados por Santos (2008) devem ser respeitados
dentro de uma perspectiva inclusiva, dando ênfase a todos os envolvidos no
processo, ou seja, os sete passos devem ser incorporados, pelo professor, pelo
tutor, pelo aluno, e pelos demais sujeitos, no qual segundo Ausubel (1980) para
que ocorra um significado neste aprendizado é preciso que o aluno se disponha a
aprender e que os conteúdos disponibilizados devem ter um potencial
significativo, fazendo-se assim um ciclo de compromisso.
Quando
se discorre sobre a aprendizagem significativa e de como seu processo pode ser
facilitado é necessário fazer relações também significativas, e uma dessas
relações pode ser vinculadas e trabalhadas sob alguns princípios programáticos
que são citados por Ausubel, Postman e Weingartner (1969) viáveis de serem implementadas
em qualquer sala de aula, e inclusive em Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVAs), estes princípios são: princípio
da interação social e do questionamento; princípio da não centralidade do livro texto; princípio do aprendiz como preceptor/representador;
princípio do conhecimento como linguagem; princípio da consciência semântica; princípio da aprendizagem pelo erro; princípio da desaprendizagem; princípio da incerteza do conhecimento; princípio da não utilização do quadro-de-giz.
Conhecer
todos esses princípios é de suma importância para que o aprendizado através da
sala de aula virtual tenha resultados satisfatórios para discente e em especial
o discente com deficiência auditiva.
Infelizmente,
apesar de tantas estratégias de ensino-aprendizagem existente nos dias atuais,
principalmente depois do surgimento da internet, que nos trouxe um ensino,
inicialmente desacreditado por muitos e que vem se mostrando de uma importância
significativa, e diante dos princípios citados acima, que servem de direcionamento
para se ter resultados satisfatórios na educação, ainda nos deparamos nas
escolas, faculdades e universidades com um ensino ainda tradicional, no qual se
o professor não usar o quadro e o “giz” (pincel) e os alunos não copiarem,
decorarem e reproduzirem exatamente o que o professor copia, para muitos, isso
não é ensino-aprendizagem.
Outrossim, segundo Moreira
e Mansini (1982), aprender de forma significativa está diretamente ligado à influência
mútua entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio. É bem verdade que não
precisa procurar estratégias sofisticadas para que o aprendizado flua de
maneira objetiva e clara, pois quando se sai do ensino tradicional, entramos no
campo de ensino no qual terá um aluno mais participativo e crítico, porque este
começa a utilizar as atividades colaborativas e diversas, tais como: pesquisas,
discussões, seminários, projetos, painéis, dinâmicas de grupo e essas
estratégias de ensino promovem tanto a prática dos demais princípios em sala de
aula presencial e principalmente na sala de aula virtual.
Verifica-se por tanto, que se aplicarmos todas as estratégias
citadas neste item seremos capazes de oferecer para o aluno com deficiência
auditiva um atendimento especializado, que já é uma realidade emergente da sociedade
e que tem o propósito, principalmente, de promover a inclusão social. Imediatamente,
entende-se que é papel da escola atender de forma adaptada a comunidade surda
promovendo o desenvolvimento social e humano destes. Assim, é essencial
refletir sobre as possibilidades de conduzir e criar ações para o atendimento
especializado a pessoas com deficiência auditiva usando um planejamento
específico para tal.
4. METODOLOGIA
A pesquisa
investigativa tem cunho bibliográfico, na qual utiliza-se de livros, revistas,
artigos, teses, dissertações, sites, entre outros, através
de consultas de autores renomados na área tanto da educação como da tecnologia,
tais como: Brandão (2007); Paulo Freire (2006); Nunes (2009); Alves (2009), Mazzota
(2005), entre outros; tendo como objeto de estudo a
inclusão do discente com dificuldades auditivas no universo da educação à
distância.
Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica pode ser
definida da seguinte forma:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo
de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir
de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida
como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas
que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também
costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas.
(GIL, 2002, p.43).
Para Lakatos (2003), a
pesquisa bibliográfica, envolve todos os autores que escreveram e tornaram
públicos os assuntos relacionados ao tema de estudo, a partir de publicações
avulsas, boletins, jornais, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico, revistas, livros, etc., até meios de comunicação orais: rádio,
televisão, filmes, gravações em fitas, entre outros.
A pesquisa
bibliográfica foi o foco deste artigo; assim vale destacar que ela se fez
presente em cada etapa do trabalho de pesquisa, auxiliando na investigação do
tema abordado, usando como referências a revisão de autores contemporâneos de
renomes.
Pode-se
citar também que foi abordado o enfoque quantitativo
e qualitativo. O quantitativo porque estuda um problema delimitado e concreto; no qual se
construirá um marco teórico que guiará todo o processo de estudo. E o
qualitativo, pois o investigador está envolvido com principais
autores que destacam a importância da inclusão das pessoas com deficiência
auditiva na Educação à Distância.
Desta
forma, a pesquisa realizada neste artigo investigativo é a explicativa, pois se
identificou as variáveis que são responsáveis pela ocorrência do fenômeno que é
o objeto de estudo. Assim como, explica
e cria um marco teórico a respeito do tema que se aborda.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Neste artigo foi possível observar que a Educação à Distância pode contribuir
significativamente na aprendizagem de pessoas com deficiência auditiva. Assim,
nesta pesquisa foram discutidos os conceitos de educação à distância, bem como
a aplicação desses conceitos no ensino à pessoas com deficiência auditiva. O
tema em estudo: Educação à distância como suporte de inclusão educacional e
social para pessoas com deficiência auditiva foi explorado através de autores
contemporâneos.
Nesta
pesquisa bibliográfica os assuntos explorados abordaram o EAD no mundo e no
Brasil, mostrou também as principais características da EAD que são facilitadoras para a inclusão
educacional e social de alunos portadores de deficiência auditiva; dissertou-se
sobre a sala de aula virtual como ambiente de ensino-aprendizagem para os
alunos com deficiência auditiva e pôde-se concluir que é possível inserir os
alunos com deficiência auditiva no ambiente educativo também através da
educação à distância.
Apesar da aparente simplicidade da pesquisa,
tendo em vista o uso de uma pesquisa exploratória, faz-se importante ressaltar
que tal pesquisa possui relevância quando se verifica que os procedimentos feitos
para se chegar a comprovação de que as pessoas com necessidades especiais, em
destaque os com deficiências auditivas, podem ser inseridas no contexto
educacional, tendo com instrumento de aprendizado a educação à distância.
Desta forma os objetivos da
pesquisa foram alcançados, visto que, este era usar o ensino a distância como ferramenta de inclusão de
pessoas com deficiência auditiva no âmbito escolar e social.
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