sábado, 17 de março de 2018

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA COMO SUPORTE DE INCLUSÃO EDUCACIONAL E SOCIAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA



Sherida Nayara Alves da Silva[1]

Silvia Letícia Martins de Abreu[2]



RESUMO
Este artigo realizou-se sobre a base de uma pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo geral usar o ensino a distância como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência auditiva no âmbito escolar e social. Desta forma este artigo tem como questionamento principal: Quais as dificuldades existentes que a educação a distância encontra para incluir educacional e socialmente pessoas com deficiência auditiva? Entre os objetivos específicos podemos citar a descrição do ensino a distância no Brasil e no mundo; mostrar a importância das características da EAD que facilitam à inclusão educacional e social de pessoas com deficiência auditiva e apresentar a sala de aula virtual como ambiente de grande importância de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva. Utilizou-se nesse trabalho a metodologia descritiva e explicativa, de cunho bibliográfico. Para o maior aproveitamento do conteúdo, várias pesquisas foram realizadas em sites e livros. Os resultados obtidos favorecem a hipótese de que o Ensino à Distância pode auxiliar as pessoas com deficiências auditiva na busca pelo seu desenvolvimento intelectual e, minimizar equívocos que podem significar sofrimento e perdas para estas pessoas, quanto ao seu ensino-aprendizado.
Palavras-chave: Ensino à Distância. Deficiência Auditiva. Ensino-aprendizagem.  Educação Inclusiva.   
ABSTRACT

This article has as reference a bibliographical research, it has as general objective to use the virtual learning as a tool for inclusion people with hearing disability in social and educational space. In this way this article has as main question: what are the difficulties that virtual education is to include educational and socially people with hearing disabilities? Specific objectives include the description of virtual education in Brazil and in the world; show the importance of the characteristics of the EAD that facilitate educational and social inclusion of people with hearing disability and present virtual classroom environment of great importance of teaching-learning for students with hearing impairments. It was used in this article to descriptive and explanatory methodology, bibliographical nature. For the greatest use of the content, number of searches were performed on websites and books. The results obtained support the hypothesis that virtual learning can help people with hearing disability in the search for his intellectual development and minimize misunderstandings that can mean suffering and losses for these people, in their teaching-learning. 

Keywords: Virtual Learning. Hearing Disability. Teaching and Learning. Inclusive Education.

INTRODUÇÃO
                         
Diante de tantas mudanças e melhorias que vem acontecendo na educação, depara-se cada vez mais com a necessidade de ter mais ferramentas educacionais que se incorporam no mundo acadêmico e uma delas é o ensino à distância.

Com isso, pela necessidade de unir a prática à teoria, em determinadas ocasiões pode-se comprometer a qualidade de ensino, visto que muitos ainda têm uma cultura errônea do que seria o ensino a distância, acreditando que o mesmo não tem valor, nem seriedade no âmbito da educação.

De acordo com este enfoque ver-se que se necessita de profissionais das áreas da tecnologia da educação competentes e capazes de reeducar não só aqueles que não compreendem a importância deste ensino, mas também serem capazes de integrar no meio tecnológico os portadores de deficiência auditiva para que os mesmos sejam capazes de aprender e socializar-se no meio educacional.

Assim, este artigo tem como questionamento principal: Quais as dificuldades existentes que a educação a distância encontra para incluir educacional e socialmente pessoas com deficiência auditiva?  Desta forma o objetivo principal deste artigo é usar o ensino a distância como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência auditiva no âmbito escolar e social. Entre os objetivos específicos podemos citar a descrição do ensino a distância no Brasil e no mundo; mostrar a importância das características da EAD que facilitam à inclusão educacional e social de pessoas com deficiência auditiva e apresentar a sala de aula virtual como ambiente de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva.
Vale ressaltar a relevância na qual se focaliza o objeto de estudo deste artigo, pois esta mostra que se necessita trabalhar de forma consciente a inclusão das pessoas com deficiência auditiva no âmbito da educação através da EAD, que hoje já está tão inserida no contexto educacional em todo mundo.
   A metodologia utilizada ao longo do trabalho tem como foco principal a pesquisa bibliográfica que utilizou como base autores renomados que abordam tais assuntos, tais como: Brandão (2007); Paulo Freire (2006); Nunes (2009); Alves (2009), Mazzota (2005), entre outros.
Portanto, este artigo buscará explanar como a Educação à Distância é importante para o desenvolvimento intelectual das pessoas com deficiências auditivas e defenderá a hipótese de que a inclusão social e educacional deste aluno poderá auxiliá-lo em seu desenvolvimento intelectual dentro da realidade em que está inserido e, com isso, diminuir equívocos e aumentar oportunidades para aqueles que apesar da limitação física, não devem ser limitados intelectualmente pela sociedade e pela educação que ela deve lhe proporcionar.
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
              Pode-se notar que uma das principais inovações das últimas décadas na área da educação se refere à criação e implantação de uma nova geração de sistemas de EAD, que assim abriu um grande leque de oportunidades educacionais para população em geral, não só em termos de quantidade, mas também em qualidade, flexibilidade, liberdade e crítica (JUSTE, 1998)
              Segundo Nunes (2009), é importante ressaltar que para acontecer essa qualidade no ensino é necessário utilizar um arsenal específico, tais como: meios de comunicação, técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, processos de tutoria, entre outros, sem esquecer-se de seguir a certos princípios básicos de qualidade. 
              Nunes (2009) afirma que existem grandes recursos que o computador oferece, como: vídeo conferência, entre outros aplicativos que podem assegurar a indispensável interatividade, que é um dos conceitos mais importantes dos novos processos de educação à distância.
              De acordo com Nunes (2009, p. 2):
Nas próximas décadas certamente assistiremos a um fenômeno que já está em curso há pelo menos 20 anos: a integração entre educação presencial e educação a distância. A convergência entre esses dois modelos já existe, na prática, em vários lugares, mas é provável que passe a se constituir norma e prática corriqueira de todos os sistemas. (NUNES, 2009, p. 2)
              A afirmação acima foi escrita há sete anos e suas afirmações podem ser confirmadas nos dias atuais, na qual nos deparamos com uma educação à distância realmente corriqueira entre vários pólos de estudo, ela se tornou um fenômeno mundial. Hoje temos uma gama de cursos a distância; sejam eles técnicos, de extensão ou de nível superior. Com essa expansão surgiram outras preocupações: a inclusão de estudantes com diferentes necessidades especiais. Ao longo desse trabalho dissertar-se-á sobre esse assunto; porém antes de entrarmos em tal assunto, para que possamos entender a educação à distância com mais propriedade, mesmo que em poucas palavras, observem a seguir as definições sobre educação e o desenvolvimento da EAD tanto no Brasil como em todo mundo.
2.1 Definição de Educação
              Entre os muitos autores e definições sobre educação pode-se citar algumas em especial, e lembrar que, quando se aborda tal tema nos deparamos tanto com sua complexidade como com suas muitas faces polêmicas.
              Desta forma, usando como base inicial o Minidicionário Sacconi (2009), educação nada mais é do que “conjunto de princípios elevados e de regras metódicas para ilustrar a razão, aperfeiçoar os sentimentos e suavizar os usos e costumes”. (SACONNI, 2009, p. 455)
              A definição acima só confirma a visão de Brandão (2007), quando em seu livro “O que é educação?” afirma que, nenhum de nós, seres humanos, podemos escapar da educação, pois nossas vidas, em várias áreas, como: escolas, igreja, na rua ou em casa, acabam se envolvendo com pedaços dela; seja para aprender através do convívio ou ensinar.
Todos os dias nossas vidas se misturam, confirmando assim que ela é sim, um conjunto de princípios elevados que vem para aperfeiçoar e suavizar nossos costumes e usos. Nossa convivência dia a dia mostra que, segundo Brandão (2007), a educação pode ser chamada de “educações”, pois misturamos a nossa com as daqueles que vivem em nosso entorno.
              Entre algumas visões de Brandão (2007) a educação, no sentido geral é criada e recriada por diferentes grupos sociais, influenciadas por suas culturas, culturas essas que acabam por trazer a polêmica para a verdadeira definição da palavra educação, visto que aquilo que é praticado e reproduzido por determinado grupo social pode não ser visto como educacional em outro grupo.
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar — às vezes a ocultar, às vezes a inculcar — de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem. (BRANDÃO, 2009, P.4)

              Já Paulo Freire (2006) afirma que, nenhum ser humano é capaz de ler uma palavra sem antes aprender a ler o mundo em que vive. Assim, para ele a educação inicia antes do indivíduo ser inserido na escola, para ele as pessoas são capazes de interagir através da educação popular, participando, dialogando, construindo o próprio ensino, e isso acontece com frequência na escola. Para Freire (2006):
é preciso que a educação esteja - em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos - adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a historia [...] uma educação que liberte, que não adapte, domestique ou subjugue. (2006, p. 45)
   Segundo o autor, a educação se apresenta como algo capaz de transformar o mundo, tornando o homem um sujeito privilegiado, pois é a educação que fará com que o indivíduo saiba se relacionar com outros, e esta influenciará sua cultura e principalmente sua história, sendo ela responsável por sua libertação, pois através da educação as pessoas terão maior possibilidade de discutir, debater e dialogar sobre assuntos diversos, e, principalmente sobre a realidade a sua volta, desta forma serão responsáveis por suas próprias transformações intelectuais.
2.2 O EAD no mundo
              O marco inicial da educação a distância, segundo Nunes (2009), foi caracterizado através das aulas por correspondência, anunciada por Caleb Philips, em 20 de março de 1728, ou seja, datado no século XVIII, na Gazette de Boston, EUA. Ele enviava as lições pelo correio para os alunos inscritos no curso.
              Após esse momento, somente no próximo século, o século XIX, tivemos uma sequência de profissionais e instituições, em diversos lugares do mundo que também tiveram a ideia de propagar um ensino diferenciado, fora de quatro paredes, e sem a presença corporal entre aluno e professor, o ensino a distância; como cita Nunes (2009):
             
“...Depois, em 1840, na Grã-Bretanha, Isaac Pitman ofereceu um curso de taquigrafia por correspondência. Em 1880, o Skerry’s College ofereceu cursos preparatórios para concursos públicos. Em 1884, o Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service ministrou cursos de contabilidade. Novamente nos Estados Unidos, em 1891, apareceu a oferta de curso sobre segurança de minas, organizado por Thomas J. Foster. Em meados do século passado, as universidades de Oxford e Cambridge, na Grã-Bretanha, ofereceram cursos de extensão. Depois, vieram a Universidade de Chicago e de Wisconsin, nos EUA. (NUNES, 2009, p. 2)
              Pode-se perceber que no início os cursos à distância eram oferecidos por professores particulares, e só depois as escolas e universidades começaram a perceber que esta seria uma oportunidade para oferecer uma educação diferenciada e uma oportunidade excelente tanto para aluno quanto para as instituições de ensino.
              No século XIX, a “febre” do ensino por correspondência se propagava, assim o ensino a distância começava a se firmar por todo mundo, como relata Nunes (2009):
Em 1924, Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã por Correspondência de Negócios (Bytwert e Diehl, 1989). Em 1910, a Universidade de Queensland, na Austrália, inicia programas de ensino por correspondência. E, em 1928, a BBC começa a promover cursos para a educação de adultos usando o rádio. Essa tecnologia de comunicação foi usada em vários países com os mesmos propósitos, até mesmo, desde a década de 1930, no Brasil. (NUNES, 2009, p. 3)
              Nunes (2009) disserta que, entre o início do século XX até a Segunda Guerra Mundial, puderam-se presenciar diversas experiências feitas para se aprimorar as metodologias aplicadas ao ensino por correspondência. Após esse momento, também cita Nunes (2009) que houve as influências de novos meios de comunicação de massa, como o rádio e a televisão, entre outros. Fred Keller (1983), por exemplo, se destacou neste período de guerra ensinando aos recrutas norteamericanos à recepção do Código Morse, pois existia uma necessidade grande de uma capacitação rápida e prática aos recrutas.
              A grande expansão do ensino a distância, na realidade aconteceu no início dos anos 60, na qual a EAD se institucionalizou nos campos da educação secundária e superior; deu início na Europa (França e Inglaterra) e se expandiu aos demais continentes (Perry e Rumble, 1987 apud Nunes (2009)).
              Segundo Nunes (2009), nos dias atuais a educação à distância já é realidade em mais de 80 países, nos cinco continentes, em todos os níveis, tanto nos sistemas formais como nos sistemas não formais de ensino, na qual atende a milhões de estudantes.
              Algumas das principais formas de uso da educação à distância têm sido em treinamentos e aperfeiçoamento de professores em serviço, em todo mundo, porém pode-se destacar os países como: México, Tanzânia, Nigéria, Angola e Moçambique. Assim como, programas não formais de ensino têm sido ofertados em grande número para adultos em várias áreas, tais como: de saúde, agricultura e previdência social, seja por instituições privadas ou públicas. (NUNES, 2009)

              Em todos os continentes, segundo Nunes (2009), existiram várias situações e acontecimentos que tiveram grande influência no desenvolvimento da Educação à Distância, porém apesar de sua importância não foi possível citarmos todos neste artigo. Observe o que Nunes (2009) disserta a seguir:
Há uma série de outras situações que não citamos, em todos os continentes, cada qual com sua história própria, com experiências que acrescentam benefícios ao desenvolvimento mundial da educação a distância, quer por meio de novas experimentações tecnológicas, quer como resultado de novas formas de fazer educação a distância. Mas, apesar de estarem ausentes vários exemplos importantes, com esse panorama geral, o leitor pode observar que a educação a distância tem uma longa e diversificada trajetória, está em todos os cantos da Terra e se desenvolve cada dia mais. (NUNES, 2009, p. 7)
              Nos dias atuais, podemos presenciar situações novas quanto ao ensino à distância, pois com a grande rapidez com que a tecnologia tem se renovado a cada dia, é possível perceber o salto que a educação a distância deu e de como ela assumiu a responsabilidade pela produção e supervisão do processo de ensino–aprendizagem. Antes a educação era bem mais limitada, como afirma Nunes (2009), “naquele tempo ainda muito calcado na ideia de que o professor ensina e o aluno aprende” (Nunes, 2009, p. 7).
              As novas tecnologias comunicativas, a telemática (informática com telecomunicação), tem sido uma realidade em todo mundo, e em especial no Brasil. Elas têm proporcionado um aprendizado mais interativo, dando a oportunidade dos alunos determinarem seu ritmo de estudo. A oferta de Bibliotecas, laboratórios de pesquisas e equipamentos sofisticados já é uma realidade hoje e podem ser acessados a qualquer hora, por qualquer usuário que disponha de um computador ou um smartphone conectado a uma central distribuidora de serviços.
2.3 Educação a distância no Brasil
Segundo Alves (2009), no Brasil a EAD é marcada por uma trajetória de sucessos, apesar de que algumas vezes, por falta de políticas públicas ficou um tempo sem progressão. Há registros históricos que indicam que o Brasil fica entre os principais do mundo, na questão do desenvolvimento da EAD.
A Educação à distância no Brasil surgiu, segundo pesquisas realizadas em diversas fontes, que foi um pouco antes de 1900, em jornais que circulavam no Rio de Janeiro, nos quais ofereciam cursos profissionalizantes por correspondência. Cursos estes ministrados por professoras particulares de datilografia, afirma Alves (2009).
O EAD neste período acontecia por correspondência, com remessa de materiais didáticos enviados pelo correio que usavam as ferrovias para fazer o transporte. E durante os vinte primeiros anos no Brasil houve apenas uma modalidade. (ALVES, 2009)
De acordo com Alves (2009), alguns pontos foram marcantes, porém cita-se neste artigo três em especial para a evolução do EAD no Brasil: a revolução via rádio, a TV educativa e os computadores junto com a internet.
Alves (2009) cita sobre a revolução via rádio que:
Em 1923, era fundada a Rádio sociedade do Rio de Janeiro. Tratava-se de uma iniciativa privada [...] a principal função da emissora era possibilitar a educação popular, por meio de um então moderno sistema de difusão em curso no Brasil e no mundo. Os programas educativos, a partir dessa época, se multiplicavam e repercutiam em outras regiões, não só do Brasil, como em diversos países do continente americano.  (ALVES, 2009, p. 9)
              A partir deste momento muitas cidades do Brasil adotaram o radio como um meio de educação à distância, sendo precedida apenas pela correspondência. Em 1937, vários programas foram implantados, em especial os privados, a partir da criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação.
Em 1959, A Igreja Católica, através da diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, criou algumas escolas radiofônicas; estas deu início ao Movimento de Educação de Base. No sul do país surge a Fundação Padre Landelll de Moura e no Rio Grande do Sul alguns cursos são realizados via rádio. (ALVES, 2009)
Em relação a TV educativa Alves (2009) relata que nas décadas de 1960 e 1970, a televisão foi utilizada de maneira positiva para fins educacional em sua fase inicial: “Coube ao Código Brasileiro de Telecomunicações, publicado em 1967, a determinação de que deveria haver transmissão de programas educativos pelas emissoras de radiodifusão, bem como pelas televisões educativas”. (ALVES, 2009, p. 10)
Em 1969, dois anos mais tarde, surgiu o Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais, este sistema permitia o uso de diferentes meios como ferramenta de ensino à distância, tais como, rádio, televisão, entre outros. Com isso, rapidamente o Ministério das Comunicações baixou uma portaria que definia o tempo obrigatório e gratuito que as emissoras tinham que ceder para a difusão educacional através de programas específicos de educação.
Em 1972, nasceu o Programa Nacional de Teleducação (Prontel), em seguida é criado o Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê), integrado ao Departamento de Aplicações Tecnológicas do Ministério da Educação e Cultura. Vale ressaltar que na década de 1990 houve um grande retrocesso na educação à distância, pois as emissoras ficaram desobrigadas de ofertar horários diários para transmissão dos programas de cunho educacional.
Segundo Alves (2009): “Em 1994, o Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa foi completamente reformulado, cabendo, a partir de então, à Fundação Roquete Pinto a coordenação das ações”. (ALVES, 2009, p. 10). Pode-se perceber que há dose anos atrás houve a reformulação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa e com isso foi a Fundação Roquete Pinto que ficou responsável por coordenar as ações desse sistema.
Com o passar dos anos não aconteceram avanços do uso dos canais abertos para transmissão de programas educativos, e quando passavam, os programas aconteciam em horários inapropriados para os prováveis alunos-usuários. Destaca-se neste momento a iniciativa positiva da Fundação Roberto Marinho, principal responsável pela criação dos telecursos que atenderam uma numerosa quantidade de pessoas, proporcionando a estes certificados emitidos pelo poder público. (ALVES, 2009)
De acordo com Alves (2009), foram através das universidades que o computador chegou ao Brasil no campo de educação. Elas instalaram em 1970 as primeiras máquinas, que eram muito caras e ocupava muito espaço. Ao longo dos anos foi sendo compactadas e ficando mais baratas bem mais acessíveis à população em geral.
Alves (2009) cita sobre quando a internet começou a se propagar no que diz respeito ao Ensino à Distância, apontando como marco inicial a disponibilização da internet no computador pessoal:
...já disponível nos computadores pessoais, a internet ajudou a consolidar a propagação do ensino a distância para todo sistema educativo brasileiro (e mundial). É absolutamente desnecessário discorrer sobre os avanços observados nesse campo, e é certo que rapidamente teremos a inclusão digital de praticamente todo país. (ALVES, 2009, p. 10).
Esta última etapa do processo de inclusão da educação à distância, em todo mundo, foi marcada pelo surgimento da internet, principalmente quando os computadores se tornaram acessíveis para todas as pessoas. Desta forma, a Educação a Distância, é classificada nos dias atuais, pela tecnologia integrada, na qual os alunos utilizam os mais diversos recursos de comunicação por meio de computadores e aparelhos celulares conectados à Internet, e com isso, o número de adeptos a EAD tem crescido cada dia mais, pois hoje em dia, existem, no Brasil, mais de um milhão de alunos que optaram pelo ensino a distância para concluir uma faculdade e ter em mãos o tão sonhado diploma de nível superior.
3. A INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR ATRAVÉS DA TECNOLOGIA: EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) E NECESSIDADES ESPECIAIS
A inclusão é uma temática na qual implica sobre a ótica de diversas abordagens, visto que é um “objeto” ou objetivo de pesquisa de ampla necessidade, como nas áreas de interesse educacional, nas quais vem instigando cada vez mais a quebra de barreiras arquitetônicas, sociais e legais. Tendo em vista a possibilidade de tornar uma sociedade mais consciente e de certa forma justa, dentro de uma perspectiva humanizada.
Considerando que, de modo geral, as coisas e situações desconhecidas causam temor, a falta de conhecimento sobre as deficiências em muito contribui para que as pessoas portadoras de deficiência, por serem diferentes, fossem marginalizadas, ignoradas. (MAZZOTA, 2005, p. 16)
              Sobre esta percepção, é imprescindível não falar de inclusão ou tratá-la como uma mera utopia, tendo em vista que os sujeitos que são visto meramente como diferentes, são sujeitos que batem a porta de uma universidade, exigindo de forma direta e indireta que estas instituições façam cumprir suas funções políticas e sociais, apoiadas na legitimidade de uma educação para todos, discursadas na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), assim garantindo o ingresso e a permanência a todos os alunos, sem distinção.
              O contexto social e educacional na atualidade pontua de forma clara e objetiva a educação para uma cidadania global. Neste viés Brasil 1999, discursa que:
Notadamente, a partir do inicio deste século, graças ao desenvolvimento científico e ético da humanidade, estudos vêm mostrando que as diferenças individuais, que sob o ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, que sob o ponto de vista físico ou sensorial, não constituem uma fatalidade irremovível, nem desabilitam as pessoas para a plenitude própria e padrões específicos de desempenho, é dotado de um potencial que, convenientemente orientado, pode permitir, que sempre aconteça, a sua autorrealização. (BRASIL, 1999. p. 13)
              Assim quando as faculdades ou universidades considerarem e reconhecerem o quanto são diferentes seus alunos, será compreendido o valor real do respeito às diferenças, fazendo-se refletir sobre a introdução destes sujeitos, sobre a ótica de que eles não são caminhos complicados e problemáticos, mas são sujeitos que favorecem as abordagens inclusivas, além de serem exemplos de fatores enriquecedores e não negativos.
              Sendo desta forma Mantoan (2005), discorre que:
Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. E para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. (MANTOAN 2005, p, 01)
Dessa forma, no enfoque desta reflexão encontra-se a modalidade de ensino a distância (EAD) na qual pode apoiar-se ou não sobre as novas tecnologias para direcionar o seu objetivo, que é globalizar, dinamizar e promover a inclusão, em um sentido amplo no que diz respeito à educação. Assim, segundo Assis (2012) “o surgimento de uma nova geração de sistemas de EAD abre espaço para a consolidação da metodologia, levando em consideração a melhoria na qualidade de ensino”, beneficiando uma parcela da população, na qual estão inclusas as pessoas com deficiência.
Na EAD o tempo e o espaço são relativos, assim como a igualdade de acessibilidade e de conteúdos. A personalização do ensino faz com que a EAD seja sinônimo de inclusão, visto que o ensino pode ser adaptado de acordo com as necessidades de cada aluno, seja pelas necessidades físicas ou cognitivas, nas quais se apoiam, segundo Assis (2012), sobre a interação entre os participantes do processo educativo, na aprendizagem colaborativa e no estudo autônomo.
3.1. Definindo os alunos portadores de deficiências auditivas
              Existe uma grande restrição na questão de como se portar e como se relacionar com pessoas com deficiências, para não ser considerado desagradável ou preconceituoso, e neste viés, compreender e saber utilizar os termos corretos é necessário para assim conseguir estar mais próximo do aluno. Para assim ser feito, os envolvidos no processo ensino-aprendizagem devem ser capacitados para atender estes sujeitos, e o primeiro passo é buscar a sensibilidade através do conhecimento sobre os “tipos” de deficiências.
No que se refere a casos de alunos com problemas auditivos o termo correto é deficiente auditivo e de acordo com a incapacidade de ouvir é possível afirmar que este sujeito tem uma deficiência auditiva, e Segundo Brasil 1997:
Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. (BRASIL, 1997, p. 31)
              A diferença ou a especificidade entre estes sujeitos está no grau de intensidade de sua deficiência, ou seja, de acordo com Marqueti 2013, existem alguns tipos de deficiências auditivas, e dentre elas é importante destacar a deficiência de transmissão ou condutiva que implica na perda parcial da audição e a neurossensorial, implica na perda do volume sonoro distorcendo os sons, este considera-se irreversível.
O sujeito/aluno com surdez de transmissão ou condução tem a audição comprometida devido à má condução orgânica das ondas sonoras, nas quais são causadas por diversos fatores. A surdez neurossensorial é considerada a forma de surdez mais comum, e pode estar ligada a herança genética, a doenças no geral e a situações que afetam audição no decorrer da vida, como barulho.
As causas da surdez de transmissão ou condução: - Excesso de cera no ouvido; - Catarro no ouvido (Otite Secretora ou Otite Serosa); - Infecções agudas do ouvido. (Otite Média Aguda); - Perfuração Timpânica; - Infecções Crônicas do Ouvido (Otite média Crônica) e suas consequências (sequelas); - Doenças que provoquem a imobilização de um ou mais ossinhos do ouvido. (Otosclerose); - Tumores do ouvido externo e médio. As causas da surdez neurossensorial: - Exposição à ruído de alta intensidade ou sons altos; - Presbiacusia (surdez pela idade); - Viroses (rubéola, caxumba); - uso de certos medicamentos ou drogas; - meningite; - propensão familiar (hereditárias); - traumas na cabeça; - doenças cárdiocirculatórias; - defeitos congênitos; - alergias; - problemas metabólicos (diabete por exemplo); - tumores. Fonte: <https://goo.gl/Vn4IIu>
               A falta da audição ou a perda dela afeta diretamente no processo comunicativo da linguagem oral, visto que está linguagem é percebida pelo canal auditivo, apresentado com alterações nestes sujeitos/alunos com surdez. Quando é apresentada a existência de uma deficiência auditiva, independente do seu grau, é perceptível a interferência no desenvolvimento da linguagem.
            Os sujeitos que tem ou adquiriram a deficiência auditiva, na maioria dos casos não conseguem se socializar e se adaptar ao meio em que convive, devido a sua dificuldade de se fazer entender, e é através desta percepção/sensibilidade os educadores devem apoiar-se para auxiliar no desenvolvimento deste educando. Neste caso, torna-se imprescindível a estimulação, ou seja, deve existir uma percepção e um trabalho diferenciado entre os sujeitos que nasceram com a deficiência e os que adquiriram no decorrer da vida.
As pessoas ouvintes podem ter dificuldades em entender a complexidade dos distúrbios de processamento auditivo central porque as experiências auditivas são diferentes. O educador precisa compreender a diferença entre ouvir e interpretar o que se ouve. (CORMEDI apud MACHADO, 2003, p.19)
              De acordo com esta percepção, o professor e os envolvidos no processo educativo devem compreender e fazer-se compreender através das ferramentas de ensino-aprendizagem, visto que estes sujeitos/alunos segundo Marqueti 2013 “possui dois sistemas que produz e reconhece a linguagem [...]o sensorial onde é usada a visão, a audição e a linguagem e o motor que usa a visão, as mãos e os braços”. Assim é possível compreender que o desenvolvimento cognitivo destes sujeitos não depende diretamente e nem exclusivamente da linguagem falada.
              Nesta ótica Cormedi apud Sacks (1998) afirma que:
os surdos são capazes de falar porque possuem aparelho fonador idêntico a pessoa ouvinte, mas o que falta ao Surdo é a capacidade de ouvir a própria fala e, portanto, de monitorar com o ouvido o som da sua própria voz. Por isso, os surdos congênitos não dispõem de imagem auditiva, de como é realmente o som da fala, não tendo a noção da correspondência entre som e significado. O mundo do surdo congênito é eminentemente visual. A língua de sinais é a resposta dos surdos para a problemática de comunicação, é o instrumento cultural alternativo – uma língua que foi criada por eles e para eles, porque a língua de sinais é uma sequência de movimentos no espaço. (CORMEDI apud Sacks, 1998, p. 50)
   Percebe-se enfim que, de acordo com os autores citados acima, sobre as definições das pessoas com deficiência auditiva, chega-se a seguinte conclusão, que a tarefa de ensinar tais pessoas requer grandes responsabilidades, uma delas é a de ter um conhecimento aprofundado sobre cada caso de surdez, pois o processo de ensino e aprendizagem destes possíveis alunos acontece de forma diferente, dependendo de como foi gerado a surdez dos mesmos; além de se fazer necessário ter uma formação específica para lecionar com pessoas com deficiência auditiva, visto que cada caso tem sua especificidade.
3.2 Características da EAD que facilitam à inclusão educacional e social de alunos portadores de deficiência auditiva
Para uma compreensão clara e objetiva a respeito dos alunos portadores de deficiência auditiva e das “ferramentas” de ensino que devem ser utilizadas para estes sujeitos, é necessário uma caminhada subjetiva, ou seja, o sujeito-aluno que necessita de atendimentos especiais em um ambiente educacional está entregue a uma compreensão técnica, agregada de sensibilidade dos sujeitos envolvidos com o processo educativo, porém, esta sensibilidade não deve ser meramente humana. Nesta ótica, é imprescindível que os profissionais ligados ao processo educativo estejam interagindo com as necessidades globais, ou melhor, com a “globalização”, para assim ser um suporte na evolução, no que diz respeito às perspectivas educacionais.
Neste contexto o uso das novas tecnologias é cada vez mais presente e aplicável no processo de ensino-aprendizagem, desta forma, quebrando barreiras do tempo e do espaço. Surgindo assim conforme Assis (2012) a “sociedade em rede”, fazendo-se despertar novos caminhos na afirmação da aprendizagem para todos, e concomitantemente a promoção ou a abertura da criação de novos modelos educacionais, nas quais permitam a integração de todos os sujeitos que necessitam ou desejam um aprendizado aplicado além da sala de aula tradicional, dentre estes sujeitos destaca-se aqui os deficientes auditivos.
A modalidade de ensino mais conhecida como educação a distância (EAD) vem ganhando cada vez mais espaço no cenário educacional, e conforme Assis (2012) a universidade a distância é uma renovação na educação superior, na perspectiva de suprir o crescimento constante das universidades e da população, visto a constante procura pelo ensino.
Assim a Lei 9394/96 discursa no Artigo 80, da Lei 9394/96, os aspectos legais sobre a oferta de cursos na modalidade à distância:
Art. 80º. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.  § 1º. A educação à distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação à distância. § 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação à distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º. A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (LDB, 1996)
              Por ventura o artigo de lei supracitado não é o único que discursa sobre a oferta de cursos na modalidade de ensino a distância, na perspectiva de uma abordagem inclusiva. Nesta ótica é imprescindível citar o Artigo 59 do Capítulo V da Lei Federal 9394/96, na qual discursa sobre as regras da Educação Especial, nas quais também devem ser direcionadas ao ensino EAD.
Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em   menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, 2016)
              Dentre as necessidades de tornar legítimas as ofertas dos cursos EAD, ainda existe uma abordagem qualitativa na qual é direcionada pela International Organisation for Standardisation (ISO), assim também pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), nas quais discursam especificamente sobre a modalidade EAD, assim também como outras normas que também podem ser aplicáveis.
Fica evidente a afirmação sobre a legitimidade, qualidade e oferta do ensino aos alunos com necessidades especiais. Assim os deficientes auditivos, motivados pela busca de alternativas acessíveis e seguras, são livres em suas escolhas, nas quais são aflorados e direcionados sobre o seu estilo de aprendizagem. Diante deste contexto as faculdades e universidades devem ligar-se fortemente a esta necessidade social, visto a diversidade destes sujeitos, e por ventura o EAD atua integralmente como agente de transformação dentro deste cenário.
              A característica inclusiva do EAD é despertada integralmente sobre a visão da diversidade explanada pela sociedade, e direcionando o olhar aos deficientes auditivos, é imprescindível a afirmação pelo estilo de aprendizagem destes alunos. Sobre esta ótica, a modalidade EAD deve buscar suprir os objetivos da educação inclusiva, refletindo sobre a práxis e adaptando-se as necessidades dos alunos, assim tornando democrático o acesso ao conhecimento.
              Conforme Quevedo et al 2014:
Pensar a Educação a Distância (EAD) para essa população de pessoas com surdez profunda e/ou severa implica desbravar os caminhos da língua e da linguagem, da história do povo surdo contextualizada ao longo do tempo e a forma ou métodos educacionais que capacitam os surdos a adquirir conhecimento, em um momento no qual se colocam novos padrões de alteridade e em que conceitos de acessibilidade e inclusão cada vez mais são reivindicados e colocados à prova. (QUEVEDO et al, 2014. p. 284)
              No entanto o grande desafio do EAD no processo de ensino-aprendizagem dos deficientes auditivos seria o conhecimento claro dos sujeitos, visto que no contexto “classificatório” do nível de surdez e de conhecimento, segundo Quevedo et al 2014 encontra-se o “pré-linguístico, que é o sujeito no qual ficou surdo antes de ter contato com a língua oral; e o que ficou surdo depois, denominado, “pós-linguístico”. Essa denominação torna-se compreensível visto que no Ambiente Virtual de Aprendizagem todas as ferramentas (fóruns, chats, tutoria, agendas e outros) são constituídas de uma linguagem.
              Neste sentido é importante destacar algumas orientações segundo Marqueti (2013):
“flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados, bem como processo de avaliação contextualizada que envolve todas as variáveis intrínsecas ao processo ensino e aprendizagem; avaliação pedagógica processual para a identificação das necessidades educacionais especiais e indicação de apoios pedagógicos adequados; temporalidade flexível do ano letivo, de forma que o aluno possa concluir em tempo maior o currículo previsto para a série ou etapa escolar na qual está inserido, quando necessário; uma rede de apoio inter-institucional que envolva profissionais das áreas de saúde, assistência social e de trabalho, por meio de convênios com organizações públicas ou privadas, para garantir o sucesso na aprendizagem. (MARQUETI, 2013, p. 31 apud BEREOHFF; SEYFARTH; FREIRE, 1995, p. 211 apud ROSA; VITORINO; CHINALIA, 2005, p. 33)

              As orientações supracitadas devem servir como norte sobre as propostas inclusivas, porém, na pessoa ou no aluno com deficiência auditiva segundo Marqueti (2013) deve ser observado que o “processo de apreensão do conhecimento se dá através de experiências concretas e visuais, pois ele aprende o mundo pela visão, sendo assim é fundamental ao professor utilizar recursos visuais como, por exemplo, fotos, quadros, desenhos, figuras, mapas, etc” e seu direcionamento devem ser sobre a estimulação do pensamento e da racionalização, visto que desta forma, estes sujeitos serão incluídos no contexto igualitário do ensino, e assim aumentando mais a sua oportunidade de aprender.
Assim os estudiosos e aplicadores do sistema ou modalidade de ensino EAD, precisam apropriar-se da concepção de que o deficiente auditivo pode adquirir outras habilidades para a construção de seu conhecimento, e dentre estas habilidades existe a comunicação espaço-visual, ou melhor, a aquisição do conhecimento sobre o meio visual, e segundo Quevedo et al 2014 apud Reitsma (2008) “para contrapor o déficit com escrita e leitura propõe a prevalência de imagens na aprendizagem do surdo”. Concluindo-se assim a visão de que o surdo não é restrito da capacidade de compreender e de aprender, assim como a modalidade EAD deve ser o facilitador da construção deste conhecimento, utilizando-se assim todas as possibilidades que lhe cabe, nesta abordagem social e necessariamente construída.
3.3 A Sala de aula virtual como ambiente de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva
              Na atualidade fala-se bastante na nova cultura educacional, na qual é conhecida com a “Era do Conhecimento”, direcionadas pela visão massificada do conhecimento sobre as novas tecnologias. Sobre esta ótica torna-se possível compreender que existe uma nova leitura sobre o conceito de aprendizagem, na qual compreende e estimula um ambiente dinâmico e corrente, assim ilustrado pelo EAD na sala de aula virtual.
              Os estilos e modelos de aprendizagem apoiam-se na ideia central de um modelo dinâmico protagonizado pela leitura de um “instrumento” que estimule a autonomia do aluno, fazendo-se compreender pela flexibilidade, criatividade, inclusão e planejamento do aluno, tornando assim uma aprendizagem significativa.
              Neste viés considera-se sete passos para a construção do conhecimento segundo Santos (2008):
1. O sentir – toda aprendizagem parte de um significado contextual e emocional. 2. O perceber – após contextualizar o educando precisa ser levado a perceber características específicas do que está sendo estudado. 3. O compreender – é quando se dá a construção do conceito, o que garante a possibilidade de utilização do conhecimento em diversos conceitos. 4. O definir – significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas palavras, de forma que o conceito lhe seja claro. 5 – O argumentar – após definir, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos e isso ocorre através do texto falado, escrito, verbal e não verbal. 6. O discutir – nesse passo, o aluno deve formular uma cadeia de raciocínio através da argumentação. 7. O transformar – o sétimo e último passo da (re) construção do conhecimento é a transformação. O fim último da aprendizagem significativa é a intervenção da realidade. Sem esse propósito, qualquer aprendizagem é inócua. (SANTOS, 2008, p.2)
              No entanto todos os passos discursados por Santos (2008) devem ser respeitados dentro de uma perspectiva inclusiva, dando ênfase a todos os envolvidos no processo, ou seja, os sete passos devem ser incorporados, pelo professor, pelo tutor, pelo aluno, e pelos demais sujeitos, no qual segundo Ausubel (1980) para que ocorra um significado neste aprendizado é preciso que o aluno se disponha a aprender e que os conteúdos disponibilizados devem ter um potencial significativo, fazendo-se assim um ciclo de compromisso.
              Quando se discorre sobre a aprendizagem significativa e de como seu processo pode ser facilitado é necessário fazer relações também significativas, e uma dessas relações pode ser vinculadas e trabalhadas sob alguns princípios programáticos que são citados por Ausubel, Postman e Weingartner (1969) viáveis de serem implementadas em qualquer sala de aula, e inclusive em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), estes princípios são: princípio da interação social e do questionamento; princípio da não centralidade do livro texto; princípio do aprendiz como preceptor/representador; princípio do conhecimento como linguagem; princípio da consciência semântica; princípio da aprendizagem pelo erro; princípio da desaprendizagem; princípio da incerteza do conhecimento; princípio da não utilização do quadro-de-giz.
              Conhecer todos esses princípios é de suma importância para que o aprendizado através da sala de aula virtual tenha resultados satisfatórios para discente e em especial o discente com deficiência auditiva.
              Infelizmente, apesar de tantas estratégias de ensino-aprendizagem existente nos dias atuais, principalmente depois do surgimento da internet, que nos trouxe um ensino, inicialmente desacreditado por muitos e que vem se mostrando de uma importância significativa, e diante dos princípios citados acima, que servem de direcionamento para se ter resultados satisfatórios na educação, ainda nos deparamos nas escolas, faculdades e universidades com um ensino ainda tradicional, no qual se o professor não usar o quadro e o “giz” (pincel) e os alunos não copiarem, decorarem e reproduzirem exatamente o que o professor copia, para muitos, isso não é ensino-aprendizagem.
   Outrossim, segundo Moreira e Mansini (1982), aprender de forma  significativa está diretamente ligado à influência mútua entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio. É bem verdade que não precisa procurar estratégias sofisticadas para que o aprendizado flua de maneira objetiva e clara, pois quando se sai do ensino tradicional, entramos no campo de ensino no qual terá um aluno mais participativo e crítico, porque este começa a utilizar as atividades colaborativas e diversas, tais como: pesquisas, discussões, seminários, projetos, painéis, dinâmicas de grupo e essas estratégias de ensino promovem tanto a prática dos demais princípios em sala de aula presencial e principalmente na sala de aula virtual.
Verifica-se por tanto, que se aplicarmos todas as estratégias citadas neste item seremos capazes de oferecer para o aluno com deficiência auditiva um atendimento especializado, que já é uma realidade emergente da sociedade e que tem o propósito, principalmente, de promover a inclusão social. Imediatamente, entende-se que é papel da escola atender de forma adaptada a comunidade surda promovendo o desenvolvimento social e humano destes. Assim, é essencial refletir sobre as possibilidades de conduzir e criar ações para o atendimento especializado a pessoas com deficiência auditiva usando um planejamento específico para tal.
4. METODOLOGIA
A pesquisa investigativa tem cunho bibliográfico, na qual utiliza-se de livros, revistas, artigos, teses, dissertações, sites, entre outros, através de consultas de autores renomados na área tanto da educação como da tecnologia, tais como: Brandão (2007); Paulo Freire (2006); Nunes (2009); Alves (2009), Mazzota (2005), entre outros; tendo como objeto de estudo a inclusão do discente com dificuldades auditivas no universo da educação à distância.
Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica pode ser definida da seguinte forma:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas. (GIL, 2002, p.43).
Para Lakatos (2003), a pesquisa bibliográfica, envolve todos os autores que escreveram e tornaram públicos os assuntos relacionados ao tema de estudo, a partir de publicações avulsas, boletins, jornais, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, revistas, livros, etc., até meios de comunicação orais: rádio, televisão, filmes, gravações em fitas, entre outros.
A pesquisa bibliográfica foi o foco deste artigo; assim vale destacar que ela se fez presente em cada etapa do trabalho de pesquisa, auxiliando na investigação do tema abordado, usando como referências a revisão de autores contemporâneos de renomes.
Pode-se citar também que foi abordado o enfoque quantitativo e qualitativo. O quantitativo porque estuda um problema delimitado e concreto; no qual se construirá um marco teórico que guiará todo o processo de estudo. E o qualitativo, pois o investigador está envolvido com principais autores que destacam a importância da inclusão das pessoas com deficiência auditiva na Educação à Distância.
Desta forma, a pesquisa realizada neste artigo investigativo é a explicativa, pois se identificou as variáveis que são responsáveis pela ocorrência do fenômeno que é o objeto de estudo.  Assim como, explica e cria um marco teórico a respeito do tema que se aborda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

              Neste artigo foi possível observar que a Educação à Distância pode contribuir significativamente na aprendizagem de pessoas com deficiência auditiva. Assim, nesta pesquisa foram discutidos os conceitos de educação à distância, bem como a aplicação desses conceitos no ensino à pessoas com deficiência auditiva. O tema em estudo: Educação à distância como suporte de inclusão educacional e social para pessoas com deficiência auditiva foi explorado através de autores contemporâneos.

              Nesta pesquisa bibliográfica os assuntos explorados abordaram o EAD no mundo e no Brasil, mostrou também as principais características  da EAD que são facilitadoras para a inclusão educacional e social de alunos portadores de deficiência auditiva; dissertou-se sobre a sala de aula virtual como ambiente de ensino-aprendizagem para os alunos com deficiência auditiva e pôde-se concluir que é possível inserir os alunos com deficiência auditiva no ambiente educativo também através da educação à distância.
Apesar da aparente simplicidade da pesquisa, tendo em vista o uso de uma pesquisa exploratória, faz-se importante ressaltar que tal pesquisa possui relevância quando se verifica que os procedimentos feitos para se chegar a comprovação de que as pessoas com necessidades especiais, em destaque os com deficiências auditivas, podem ser inseridas no contexto educacional, tendo com instrumento de aprendizado a educação à distância.
Desta forma os objetivos da pesquisa foram alcançados, visto que, este era usar o ensino a distância como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência auditiva no âmbito escolar e social.
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[1] Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Ateneu - FATE
[2]  Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Ateneu - FATE