sábado, 17 de março de 2018

ALFABETIZAR LETRANDO: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA SANTA TEREZINHA NO MUNICÍPIO DE ITAITINGA-CEARÁ (LITERACY AND LITERATE: A CASE STUDY IN SCHOOL SANTA TEREZINHA IN ITAITINGA-CEARÁ)

Denise Ferreira da Silva¹1

Silvia Leticia Martins de Abreu²



Educação & Ensino, Volume 1, Número 2, jul./dez. 2017. 
http://fate.edu.br/revista-de-pedagoga/   ou  http://fate.edu.br/documentos/revistas/educacao-e-ensino-2.pdf

RESUMO
O presente artigo trata da alfabetização e letramento no que diz respeito ao alfabetizar letrando dentro das possibilidades de melhorar a visão dos profissionais de ensino a partir de suas práticas educacionais no 2º ano do ensino fundamental: um estudo de caso na Escola Santa Terezinha, assunto esse de grande importância no processo de ensino aprendizagem dos educandos de aquisição da leitura e escrita. O estudo teve como base a Escola Santa Terezinha, onde foi possível entre o grupo gestor e a professora do 2º ano uma pesquisa com o tema em questão. O objetivo dessa pesquisa é investigar as práticas de alfabetização e letramento desenvolvidas no 2º ano da Escola de Ensino Fundamental Santa Terezinha. Pautando-se no estudo bibliográfico, realizou-se um estudo de campo, o qual foi possível aplicar um questionário com a educadora. Percebe-se que a professora entrevistada ainda não possui um conceito formado sobre o assunto abordado, pois a mesma em sua fala deixa claro que precisa de uma formação continuada para consolidar esse conhecimento.

Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Leitura; Escrita.

ABSTRACT
This article deals with the literacy and literacy with regard to alphabetize literating within the possibilities of improving the vision of education professionals from their educational practices in the second grade of elementary school: a case study in Santa Terezinha School, this subject of great importance in the teaching learning process of learners ‘ acquisition of reading and writing. The study was based on the Santa Terezinha School, where was possible between the Group Manager and second-year teacher a survey of the subject in question. The goal of this research is to investigate the practices of literacy and literacy developed in the second grade of Santa Terezinha Elementary School. Basing himself in the bibliographical study, conducted a field study, which was possible to apply a questionnaire with the educator. One can see that the teacher interviewed still lacks a concept formed on the subject, since the same in your speech makes it clear that needs continued training to consolidate that knowledge.


Keywords: literacy; Literacy; Reading; Writing.


1. INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta o tema alfabetizar letrando. Este artigo surgiu como forma de buscar conhecimento no contexto de alfabetização e letramento em sala de aula cujo tema é alfabetizar letrando. É importante para o professor (a) que trabalha nos anos iniciais do ensino fundamental tenha conhecimento dos conceitos de alfabetização e letramento, a fim de entender em que momento ocorre e como instigá-los.

Segundo Ferreiro (1987), a alfabetização e letramento se completam. Alfabetizar é fazer com que o sujeito se torne capaz de ler (decodificar) e escrever (codificar) bem como utilizar adequadamente a língua escrita. Alfabetizar letrando no ramo da educação é um desafio para muitos professores. A sociedade do conhecimento exige do indivíduo, que além de ler e escrever ele saiba fazer uso da
leitura e escrita em suas práticas sociais para que possa se integrar na sociedade e exercer sua cidadania, isto é, o sujeito tem que saber ler, interpretar, enfim conhecer o significado das palavras no que se refere ao código escrito. Diante deste contexto surge o problema: Quais os desafios do docente no processo de alfabetizar letrando?

Esta pesquisa tem como base de estudo a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, tendo como objetivo geral investigar as práticas de alfabetização e letramento desenvolvidas no 2º ano da Escola de Ensino Fundamental Santa Terezinha no município de Itaitinga-Ce Entreos objetivos específicos podemos citar: conceituar alfabetização e letramento; investigar as práticas pedagógicas em sala de aula, no ensino da língua escrita, na perspectiva do alfabetizar letrando; identificar os principais desafios encontrados no processo de alfabetização e letramento.

Desse modo, o estudo de caso a se investigar são as práticas de letramento desenvolvidas no processo de alfabetização das crianças do 2º ano cujo lócus foi a Escola de Ensino Fundamental Santa Terezinha, no município de Itaitinga-Ce. Esta turma é composta por vinte cinco crianças, na faixa etária entre sete e oito anos. A escolha por essa turma se deu por se tratar de uma série que eu já lecionei e a qual me identifico por trabalhar diretamente com o processo de alfabetizar letrando. Essa experiência vivenciada facilitou a pesquisa e trouxe melhor resultado.

Acredita-se que esta pesquisa ajudará a escola a implantar novas metas no seu Projeto Político Pedagógico (PPP) em curto prazo e ajudará a melhorar os índices da escola trazendo nova
metodologia de trabalho ao educador.


2 ALFABETIZAÇÃO X LETRAMENTO: DIFERENÇAS ENTRE SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA

Este capítulo trata das abordagens teóricas aos conceitos de alfabetização e letramento, as principais práticas pedagógicas no ensino da língua escrita e alfabetizar letrando, uma nova perspectiva.
2.1 Conceituando Alfabetização
            Dentre os autores que discutem sobre alfabetização foi selecionado alguns com os quais houve identificação maior, como Soares (2003), Freire (1983) e Ferreiro (1999). Cientes de que não irá se esgotar o tema que tem sido alvo de inúmeras pesquisas e debates na área da educação, e diante da tentativa de dar uma ideia da perspectiva que será adotada nas práticas docentes.
            Segundo Soares (2003), a alfabetização é compreendida como um procedimento de representação de fonemas em grafemas e grafemas em fonemas entendeu que alfabetizar é obter as habilidades de: codificar a língua escrita (escrever) e decodificar a língua escrita (ler).
            De acordo com Soares, a alfabetização é um processo de aquisição da leitura e escrita. Por meio do código escrito o indivíduo adquiri habilidades de leitura e escrita, compreende o significado das palavras e se torna capaz de diferenciar letras e símbolos.
A alfabetização é um processo que ocorre em todo período escolar, tendo início na pré-escola e não finaliza na aprendizagem da leitura e da escrita. Segundo Soares (2015, p.29) "Alfabetização, que se designa a ação de alfabetizar, de ensinar ler e escrever e nos seja tão pouco familiar o termo alfabetismo, designando o estado ou a condição que assume aquele que aprende a ler e escrever”.
            Para Soares, a alfabetização é o ato de ensinar a ler e escrever, ou seja, é quando o indivíduo é capar de compreender os significados por meio do código escrito.
O processo de alfabetizar é um ato que permite e habilita o indivíduo a relacionar-se com a leitura e escrita, desvendando um mundo codificado socialmente e como utilizá-lo. Soares (1998, p.33) afirma que:

Alfabetização é dar acesso ao mundo da leitura. Alfabetizar é dar condições para que o indivíduo criança ou adulto tenha acesso ao mundo da escrita, tornando-se não só de ler e escrever, enquanto habilidades de codificação e decodificação do sistema da escrita, mas e, sobretudo de fazer uso real e adequado da escrita com todas as funções que tem ela em nossa sociedade e também como instrumento na luta pela conquista da cidadania plena. (SOARES, 1998, p.33).
 

Mediante o esboço de Soares, alfabetizar é proporcionar o contato com o mundo da leitura. É dar condições a criança ou adulto de ter acesso ao mundo da escrita, lhe tornando capaz de faz uso dessa escrita na sociedade ao qual está inserido.
A alfabetização é um procedimento de aquisição da língua escrita, isto é, um conjunto de métodos, técnicas e habilidades para ação da leitura e da escrita. Sendo estas habilidades de codificação de fonemas em grafemas, decodificação de grafemas, habilidade motoras e direção correta da escrita. Para Emília Ferreiro “A alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é, na maioria dos casos, anterior à escola e que não termina ao finalizar a escola primária”. (FERREIRO, 1999, p.47)
De acordo com Ferreiro, a alfabetização é um processo contínuo onde cada criança se desenvolve no seu tempo de aprendizagem e a mesma deve estar voltada para uma metodologia contextualizada e significativa.
            Para Paulo Freire (1983, p.49) o ato de “[...] alfabetizar-se é adquirir uma língua escrita através de um processo de construção do conhecimento com uma visão crítica da realidade”. Nessa definição o autor agrega a apropriação à conquista da cidadania.
             De acordo com o esboço de Freire o processo de alfabetização vai além do domínio do código escrito, tendo uma definição mais abrangente. Ele defendia a ideia de que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, fundamentando-se na antropologia: o ser humano muito antes de inventar códigos linguísticos, já lia o seu mundo. Tornar as práticas de leitura significativas de acordo com Freire é aprender a ler- lendo. Aprender a escrever escrevendo, compreendendo e se apropriando do que é lido.
            A escrita é um projeto de conhecimento que a criança introduz, pois a linguagem impressa e oral é organizada ao pouco pela criança. Segundo Emília Ferreiro (1987, p.24):

O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em ambiente social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não recebidas passivamente pelas crianças. Quando tentam compreender, elas necessariamente transformam o conteúdo recebido. Além do mais, a fim de registrarem a informação, elas transformam. (FERREIRO, 1987, p.24).

No momento em que o indivíduo é capaz de decodificar as letras do alfabeto e reconhecê-las numa organização estrutural, que é a língua escrita, pode-se dizer que o indivíduo está alfabetizado.
            Pouco tempo atrás, ler e escrever, codificando e decodificando o sistema de escrita era o satisfatório para atender a classe trabalhadora. Nos dias de hoje, a sociedade deseja indivíduos mais capacitados, que sigam o ritmo acelerado da tecnologia exigindo pessoas que vão da decodificação, ou seja, que façam uso adequado da leitura e da escrita em ocasiões do dia a dia.
            Dentre os conceitos citados acima, o que mais se aproxima da nossa visão é o de Soares, que afirma que alfabetizar é dar acesso à leitura de mundo. É dar condições para que o indivíduo tenha acesso ao mundo da escrita, tornando-o capaz não só de ler e escrever, mas saber fazer o uso social desta leitura e escrita.

2.2 Definindo Letramento

O surgimento do termo do letramento no Brasil para Soares (2003c) se deu na década de 1980 e só em 2001 é que o dicionário Houaiss registrou as palavras letramento e letrado, definindo letramento como um conjunto de práticas que denota a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito. A ideia de letramento na França, Portugal, Inglaterra e nos Estados Unidos surgiu também na mesma época como necessidade de se nomear e reconhecer práticas sociais de leitura e escrita. Segundo Soares (2003c, p.13)

O que mais propriamente se denomina letramento, de que são muitas as facetas – imersão das crianças na cultura escrita, participação em experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos de gêneros de material escrito. (SOARES, 2003, p.13).

Para Soares, o letramento pode ser definido de várias formas, pois a inclusão das crianças no mundo da escrita, participação em diferentes vivências de leitura e escrita, manuseio de diversos gêneros textuais e interação com o mundo letrado proporciona as crianças a inserção no ambiente de letramento. 
Soares considerara uma criança letrada quando:

[...] a criança que ainda não se alfabetizou, mas folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda “analfabeta”, porque não aprendeu a ler e escrever. Mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma letrada. (SOARES, 2009. p. 24).

            Diante das palavras da autora, a criança que ainda não foi alfabetizada, mas que está mergulhada em diferentes suportes de leitura no seu cotidiano familiar ou escolar, sabendo interpretar as histórias ouvidas, fazendo de conta que está escrevendo, de certa forma está criança ainda não é alfabetizada, mas é letrada.
Compreendemos que o processo de descoberta do código escrito pela criança letrada é avaliado pelas significações que os diversos tipos de discursos que tem para ela, ampliando seu campo de leitura através da alfabetização. Antigamente acreditava que a criança entrava na leitura somente quando dominasse o código escrito, pensamento esse excedido na concepção do letramento, que leva em conta toda a experiência que a criança tem de leitura de mundo, mesmo antes de ser capaz de ler os signos escritos.
No momento em que a criança nasce numa sociedade letrada se inicia o processo de alfabetização e letramento, pois a mesma vive em contato direto com material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita. As práticas de leitura e escrita vão desde cedo sendo conhecidas e também vão reconhecendo o sistema de escrita, alfabético e ortográfico.
Portanto, o letramento decorre das práticas sociais que a leitura e escrita exigem, nos diversos contextos que abrangem a compreensão e expressão lógica e verbal. É a função social da escrita enquanto que a alfabetização se refere ao desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita.
Vygotsky (2004, p.21) idealiza letramento como o auge de um processo da história de mudança e representação de instrumentos mediadores. "Representa também a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do comportamento humano que são os chamados processos mentais superiores, tais como: raciocínio abstrato, memória ativa, resoluções de problemas etc". (VYGOTSKY apud TFOUNI, 2004, p.21).
Para Vigotsky, o letramento é o ponto mais importante do processo de alfabetização, pois é ele que torna o indivíduo capaz de utilizar suas práticas de leitura e escrita no seu convívio em sociedade.
Em síntese letramento é utilizar socialmente a “tecnologia escrita”, envolvendo as habilidades de ler e escrever, informar-se no imaginário, conhecimento, interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de texto, empregar a escrita para localizar e prover informações e conhecimentos.
Para o professor que trabalha principalmente nas séries iniciais faz-se necessário que haja uma formação significativa, pelo fato de estar surgindo uma nova concepção de alfabetização exige também uma nova ideologia de formação de professores. O professor alfabetizador não deve esquecer-se da especificidade da alfabetização como domínio do sistema, e no caso do letramento também com a sua especificidade que seria fazer com que o aluno se aproprie e se envolva em práticas sociais fazendo uso desse sistema.

2.3 As Principais Práticas Pedagógicas no Ensino da Língua Escrita

A prática pedagógica tem sido foco de investigação nas últimas décadas por muitos pesquisadores preocupados com os problemas da educação. Devido à complexidade do assunto e à diversidade de olhares reflexivos sobre o tema, é necessário discorrer sobre o papel do professor diante de sua prática pedagógica na sala de aula, com a intenção de superar a visão conservadora e tradicional da ação docente perante as demandas da sociedade contemporânea.
2.3.1 Algumas maneiras de iniciar a compreensão da língua escrita
            A prática docente engloba um conjunto de atividades que o professor pode realizar que se divide em três etapas: o planejamento, a execução do processo de ensino aprendizagem e a avaliação. Segundo Zóboli (1991) essas etapas constituem o ciclo docente, pois se complementam e se repetem várias vezes durante a prática educativa.
            O educador poderá proporcionar aos alunos diferentes formas de leitura e escrita. Num passeio pela escola, por exemplo, os alunos poderão observar e tentar ler o que está escrito nos cartazes, no mural, o nome da escola na fachada e o número das salas. No lado de fora da escola, o professor poderá solicitar que observem coisas escritas e depois fazer questionamentos sobre o que viram se eram letras, números ou apenas símbolos, onde estavam escritos, se são capazes de imaginar o sentido das palavras escritas encontradas na rua.
            Proporcionar aos alunos o contato com diversos portadores de texto para incentivá-los no processo de leitura e escrita. Cartas, poesias, poemas, bilhetes, histórias em quadrinhos e outros, poderão mostrar aos educandos a magia do mundo letrado e despertará a curiosidade para descobrir cada vez mais esse mundo.
            É importante trabalhar a diferença entre letras e números. Algumas crianças confundem letras e números, fazendo uso de algarismos na escrita de palavras como se fossem letras. Para facilitar a distinção e ultrapassar esta dificuldade no processo de alfabetização, o professor deverá trabalhar as diferenças entre números e letras em diversos contextos.
            De acordo com Carvalho (2002), trabalhar com o nome dos alunos é muito importante porque toda criança atribui estima especial ao próprio nome e se interessa por aprendê-lo e aqueles que já sabem “desenhar” a assinatura descobrem coisas novas objetivando a escrita do nome dos colegas.
            É preciso que o professor desenvolva um projeto que trabalhe a escrita do nome em diferentes contextos envolvendo atividades lúdicas, de escrita, levando o aluno a fazer comparações como: existem nomes com poucas letras e com muitas letras, existem nomes que começam com a mesma letra e nomes que têm a mesma quantidade de letras.

2.4 Alfabetizar letrando: Uma nova perspectiva

            Desde a educação infantil é possível promover situações na qual a criança possa estar em contato com a escrita por meio do uso de diversas formas de comunicação, desenvolvendo ações com significados para promoção do alfabetizar letrando. Isto implica trazer para dentro de sala de aula o contato com vários gêneros textuais, levando as crianças a refletirem sobre a língua que se escreve a norma culta ou padrão.
            Tomar para si essa responsabilidade significar ensinar a língua escrita, e para que isso ocorra se faz necessário que os professores alfabetizem letrando desde as séries iniciais, apresentando o ensino da língua escrita na perspectiva do letramento.
            O processo da alfabetização acontece na perspectiva do letramento, quando é utilizado para atender as necessidades sociais, onde não basta apenas aprender a ler e escrever, mas é preciso utilizar de maneira competente, entendendo a função de ambas nas relações sociais.
Soares (2004) apresenta as especificidades referentes aos procedimentos educacionais de alfabetizar e letrar, pondo em evidência que os dois processos são diferentes, porém, inseparáveis, considerando que o convívio com o mundo da escrita ocorre de maneira simultânea pelos caminhos da alfabetização e letramento.
É importante que as crianças tenham contato com adultos alfabetizados com a leitura, mesmo antes de serem alfabetizados. Crianças que convivem em um ambiente que os pais têm o hábito da leitura diariamente e interagem com elas, não só aprendem a ler com mais facilidade como se tornam excelentes escritores no final de sua trajetória escolar. O professor pode propiciar um ambiente letrado, levando em conta o conhecimento prévio, embora pequenas, as crianças levam para a escola o conhecimento que adquiriram na vida familiar.
            Quando se ouve e produzi histórias, como diz Brito (2007, p. 36) “a criança constrói o seu aprendizado da língua escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a escrever ou a interpretar, mas engloba gênero, estrutura do texto, formas e recursos da língua”.
O uso de textos na alfabetização é preciso para focar em dois aspectos da aprendizagem da língua escrita, assim o aluno alfabetizado e letrado tem possibilidade de usar a escrita nas diversas situações da vida cotidiana.
            A participação em práticas sociais de leitura e escrita são importantes não só no processo de alfabetização, mas também para a apropriação da língua escrita em situações do cotidiano. Desse modo, a alfabetização na perspectiva do letramento deve focar na importância do trabalho com diferentes gêneros textuais, com base nos diversos suportes de leitura.
            Segundo Weisz (2000, p.62) “o ensinar a língua escrita em contextos letrados, à função do professor é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar”.
            As práticas de letramento devem acontecer de maneira reflexiva a partir da apresentação de situações problemas, em que, as crianças descubram as suas hipóteses e sejam levados a pensar sobre a escrita, ler, participar e escrever com função social, utilizar textos com significados, interagir com a escrita, utilizar a leitura e escrita como forma de interação. Em atividades de produção coletiva, o professor deve atuar como escriba, propondo à criança a reescrita da história, assim é possível fazer uma reflexão sobre o que as crianças escrevem e como escrevem.
            O fazer diferente da alfabetização na perspectiva do letramento requer do professor alfabetizador conhecimentos específicos sobre a natureza da aquisição da leitura e da escrita, a fim de que possa entender a dinâmica do processo de aprender a sistematização do código escrito pelo aluno.

3 METODOLOGIA
            A pesquisa deste artigo tem como cunho investigativo uma abordagem qualitativa, no que diz respeito à natureza, assim como os respectivos objetivos são de fins descritivos. Desta forma, será feita uma pesquisa bibliográfica através da consulta de autores renomados como: Gil (1999), Lakatos & Marconi (2001) e Bogdan & Biklen (2002), além de uma pesquisa de campo através do estudo de caso que será realizado por meio de um questionário de cinco questões subjetivas com a professora do 2º ano.
            De acordo com Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como principal objetivo realizar a descrição das características de uma determinada população ou fenômeno, ou estabelecer relações entre as variáveis. Segundo Arker, Kumam & Day (2004), a pesquisa descritiva, geralmente, aplicar dados dos levantamentos e se caracteriza por manter uma relação de causalidade que as hipóteses especulativas não especificam.
            Para esses autores, a pesquisa descritiva requer um conhecimento aprofundado do problema a ser pesquisado, ou seja, o pesquisador precisa saber exatamente o que almeja atingir com essa investigação.
            De acordo com Bogdan & Biklen (2003), a definição de pesquisa qualitativa abrange cinco características básicas: dados descritivos, preocupação com o significado, ambiente natural, processo de análise indutivo e preocupação com o processo.
            Para Gil (1999), a utilização dessa abordagem proporciona o aprofundamento da investigação das questões relacionadas aos fenômenos em estudo e de suas relações, diante a máxima valorização do contato direto com a situação em estudo, analisando o que há de comum, mas perdurando, entre tanto, aberta para perceber a individualidade e os significados múltiplos.
            Este tipo de pesquisa utiliza o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Ela auxiliar na investigação do assunto abordado, utilizando como referência a revisão de autores renomados.
            Para Lakatos & Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica,

“[...] abrange toda bibliografia já tomada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]”. (LAKATOS & MARCONI, 2001, p. 183).

Todo trabalho cientifico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o embasamento na pesquisa bibliográfica, para que não se perca tempo com um problema o que já foi solucionado e possa apresentar conclusões inovadoras (LAKATOS & MARCONDI, 2001).
            Segundo Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é aplicada com base em materiais já constituídos, principalmente, por meio de livros e artigos científicos e é de suma importância para o levantamento de informações sobre aspectos diretamente ligados à temática em estudo. A pesquisa bibliográfica tem como principal vantagem o fator de fornecer ao pesquisador um instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se e si mesma.
            A pesquisa bibliográfica baseia-se principalmente no estudo de livros e artigos científicos já publicados sobre o tema em estudo, visando oferecer ao pesquisador um leque de informações sobre o assunto a ser investigado.
            A outra linha de investigação abordou uma pesquisa de campo: um estudo de caso. Conforme Yin (2001), é caracterizado pelo estudo aprofundado e exaustivo dos fatos objetos de investigação, permitindo um amplo conhecimento da realidade e dos fenômenos pesquisados.

“Um estudo de caso, é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especificamente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2001 p. 33).

Para o autor, o estudo de caso exige um aprofundamento dos fatores de investigação, proporcionando um leque de conhecimentos da realidade e das causas pesquisadas.
Marconi &Lakatos (1996, p.88) definem o questionário estruturado como uma “[...] série ordenada de perguntas, respondidas por escrito sem a presença do pesquisador”. Dentre as vantagens do questionário, podemos destacar as seguintes: ele permite abranger um maior número de pessoas; a padronização das questões possibilita uma interpretação mais uniforme dos respondentes, o que facilita a comparação das respostas escolhidas, além de assegura o anonimato do entrevistado.
Segundo Cervo & Bervian (2002, p. 48), o questionário “[...] refere-se a um meio de obter respostas às questões por uma formula que o próprio informante preenche”. Ele pode conter perguntas abertas e/ ou fechadas. As abertas possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maior facilidade na tabulação dos dados.
O questionário assegura o anonimato do entrevistado, porém não assegura a sinceridade das respostas obtidas, ele envolve aspectos como qualidade dos interrogados, sua competência, franqueza e boa vontade. Os interrogados podem interpretar as perguntas a sua maneira.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

              Neste artigo foi possível observar que a Alfabetização e Letramento podem contribuir de forma significativa na aprendizagem das crianças que estão no processo de aquisição da leitura e escrita. Assim, nesta pesquisa foram discutidos os conceitos de alfabetização e letramento, bem como as práticas pedagógicas no ensino da língua escrita e alfabetizar letrando: uma nova perspectiva. O tema em estudo: Alfabetizar letrando: Uma nova visão da prática de ensino: Um estudo de caso no 2º ano do ensino fundamental da Escola Santa Terezinha foi explorado através de autores renomados.           Desde as séries iniciais, quanto antes às crianças se apropriarem da leitura e da escrita, mais poderão desenvolvê-las com êxito em seus anos de escolaridade, sendo assim, serão capazes de utilizá-la como prática discursiva com muita facilidade durante sua trajetória escolar. Com base na reflexão mencionada neste trabalho, é necessário compreender a prática pedagógica como elemento de produção do conhecimento, dessa forma, ocorre à necessidade e precisão do alfabetizar letrando. Assim constituíssem um trabalho feito pelo educador e também pelas pessoas que participam do aprendizado da criança, requerendo mudanças significativas acerca de práticas pedagógicas através do ensino da leitura e da escrita para o seu aprimoramento nas séries iniciais.
              Nesta pesquisa bibliográfica os assuntos explorados abordaram a Alfabetização e letramento no mundo e no Brasil, mostrou também os principais desafios encontrados pelos docentes para alfabetizar letrando; dissertou-se sobre o processo de ensino da língua escrita sugerindo algumas formas de trabalhar a língua tendo como suporte os nomes das crianças.
Apesar de ser uma pesquisa, tendo em vista o uso de uma pesquisa bibliográfica e descritiva, é importante ressaltar que tal pesquisa possui relevância quando se verifica que os procedimentos feitos para se chegar à comprovação de que alfabetização e letramento são dois processos diferentes, que possuem mecanismos distintos, mas que precisam ser trabalhados juntos na perspectiva do alfabetizar letrando, tendo como instrumento de aprendizado os materiais didáticos que visam atingir esta perspectiva.
Desta forma os objetivos da pesquisa que eram investigar as práticas pedagógicas de alfabetização e letramento desenvolvidas no 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Santa Terezinha no município de Itaitinga-Ce, conceituar alfabetização e letramento e identificar os principais desafios encontrados no processo de alfabetização e letramento foram alcançados.

REFERÊNCIAS

AAKER, D. A; KUMAR, V.; DAY, G, S. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2004.
BOGDAN, R.S; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. 12. ed. Porto: Porto, 2003.
BRITO, L. P. L . Letramento e alfabetização: imposições para a Educação Infantil. In: FARIA, A. L. G e MELLO, S. A. (orgs). O mundo da escrita no universo da pequena infância. Campinas: autores associados, 2007.
CARVALHO, M. Guia prático do alfabetizador. São Paulo: Ática, 2002.
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
CERVO, A. L. BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
FERREIRO, E. Alfabetização em processo. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1987.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1983.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e interpretação de dados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) da Escola de Ensino Fundamental Santa Terezinha, Itaitinga, CE, 2016.
SIMONETTI, A. O desafio de alfabetizar e letrar. 2. ed. Fortaleza: Imeph, 2007.
SOARES, M. Alfabetização e letramento, caminhos e descaminhos. Revista Pátio, ano VIII, n.29, p.20, fev/abr, 2004.
___________. Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
___________. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. (texto apresentado no GT de alfabetização) 26ª Reunião da ANPED. Poços de Caldas: 2003c.
___________. Letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
___________. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
___________. Oralidade, alfabetização e letramento. Revista Pátio Educação Infantil – Ano VII Nº 20 JUL/OUT, 2009.
TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2000.
WEIZT, T. O diálogo entre o ensino e aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

ZÓBOLI, G. B. Práticas de ensino: subsídios para a atividade docente. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991.


Graduada em Pedagogia pela Faculdade Ateneu. 
Graduada em Letras: Português-Inglês /pela Universidade Estadual do Ceará - UECE; Especialista em Gestão
escolar/ pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú - UVA; Especialista em: Gestão e Negócios, Didática de
Ensino Superior, Psicopedagogia clínica e Institucional/ pela Faculdade Ateneu – FATE.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

////a opinião de vocês é muito importante para o melhoramento deste /blog.